Mundo

Talibãs rescindem acordo com Cruz Vermelha no Afeganistão

Os talibãs dizem que a organização não prioriza problemas de sua responsabilidade, como o atendimento de prisioneiros que estão em greve de fome

Neste momento preferimos manter conversas secretas e bilaterais com os talibãs para encontrar uma solução para este problema, disse o porta-voz da organização (Mustafa Andaleb/Reuters)

Neste momento preferimos manter conversas secretas e bilaterais com os talibãs para encontrar uma solução para este problema, disse o porta-voz da organização (Mustafa Andaleb/Reuters)

E

EFE

Publicado em 15 de agosto de 2018 às 09h24.

Cabul - Os talibãs anunciaram nesta quarta-feira a rescisão de seu acordo com o Comitê Internacional da Cruz Vermelha (CICV), pelo qual se comprometiam a respeitar seus trabalhadores e instalações no Afeganistão, ao considerar que não ofereceram ajuda a "milhares" de presos em greve de fome.

"O Emirado Islâmico do Afeganistão (como se autodenominam os talibãs) anuncia a retirada do compromisso de segurança que tinha outorgado ao CICV para suas atividades no Afeganistão", disse a formação insurgente em comunicado.

"Portanto, o Emirado Islâmico não garante a proteção de suas vidas e propriedades até que cheguem a um acordo com o Emirado Islâmico para corrigir suas ações", detalharam os talibãs.

O grupo insurgente argumentou que a organização humanitária não prioriza a resolução de "problemas básicos" que são sua responsabilidade, como o atendimento a milhares de prisioneiros da prisão de Pul-e-Charkhi em Cabul que estão há dez dias em greve de fome.

Segundo a nota, "centenas" deles morreram em coma e suas vidas correm perigo, porém os talibãs tendem a oferecer informação relaxada relacionada aos membros de suas fileiras e o alcance das suas ações.

A formação acusou o CICV de não "ter regras para tratar os prisioneiros ou processar as autoridades penitenciárias que não fornecem atendimento médico aos pacientes".

A porta-voz do comitê no Afeganistão, Roya Musawi, indicou à Efe que a ONG está "verdadeiramente preocupado" pela segurança de seus funcionários no terreno, as pessoas afetadas pelo conflito e o impacto que a rescisão do acordo terá nos serviços humanitários.

"Neste momento preferimos manter conversas secretas e bilaterais com os talibãs para encontrar uma solução para este problema", apontou, ao rejeitar oferecer mais detalhes a respeito.

Em setembro, o Comitê Internacional da Cruz Vermelha decidiu suspender temporalmente suas atividades no noroeste do Afeganistão com o fechamento de seu único centro operativo na zona, depois que uma trabalhadora espanhola da organização foi assassinada a tiros.

Acompanhe tudo sobre:AfeganistãoCruz VermelhaTalibã

Mais de Mundo

Em encontro com Boric, Lula diz que Trump trata latinos como 'inimigos'

Eleições no Canadá registram recorde de votação antecipada

Irã anuncia adiamento da reunião técnica nuclear com os EUA para sábado