Soldados em tanque em Kurram: ao menos 80 pessoas morreram desde 11 de abril em atentados ligados à campanha eleitoral legislativa. (A. Majeed/AFP)
Da Redação
Publicado em 6 de maio de 2013 às 14h17.
Peshawar - O talibã reivindicou a autoria do atentado contra um comício de um partido islamita que deixou 14 mortos e mais de 50 feridos nas zonas tribais do noroeste do Paquistão, reduto dos insurgentes, a menos de cinco dias das eleições gerais no país.
Uma bomba foi acionada no início da tarde na zona tribal de Kurram, situada na fronteira com o Afeganistão, durante um comício do candidato local do partido islamita Jamaat-Ulema-e-Islam, liderado por Fazlur Rehman, às eleições legislativas de 11 de maio.
"Temos ao menos 14 mortes confirmadas e 56 feridos, muitos deles em estado crítico. O balanço pode aumentar", declarou à AFP Riaz Khan, principal líder desta região.
Segundo fontes locais, os insurgentes esconderam a bomba no local do comício de Munir Khan Orakzaï, um candidato local do JUI-F, partido membro da coalizão majoritariamente laica no poder.
O candidato saiu ileso ao ataque, mas outro candidato, Ain ud-Din Shakir, ficou ferido, indicou o primeiro-ministro paquistanês, que exigiu a abertura de uma investigação.
Ao menos 80 pessoas morreram desde 11 de abril em atentados ligados à campanha eleitoral legislativa, de acordo com um balanço contabilizado pela AFP.
Os talibãs paquistaneses do TTP, um grupo islamita armado hostil à realização de eleições, consideradas "não islâmicas", e que multiplica seus ataques contra partidos laicos em Karachi (sul) et Peshawar (norte), reivindicaram o atentado de hoje.
"Foi um ataque contra Munir Orakzaï, porque ele foi membro do governo durante os últimos cinco anos. Ele apoia este governo, que lançou várias operações contra nós", declarou por telefone à AFP Ehsanullah Ehsan, porta-voz do TTP. Os talibãs paquistaneses tinha poupado até então os comícios para não se indispor com a população local.
Esses ataques limitaram a capacidade de vários partidos de fazer campanha no terreno e podem ter um impacto sobre a participação da população nesta eleição fundamental para a consolidação democrática do Paquistão, de 180 milhões de habitantes e habituado com golpes de Estado.
Mais de 600.000 membros das forças de segurança, incluindo 50.000 soldados, devem fazer a guarda dos colégios eleitorais no sábado para tentar garantir a realização das eleições, segundo a comissão eleitoral paquistanesa.
E o chefe do poderoso Exército, o general Ashfaq Kayani, reiterou o apoio dos militares a esta eleição cujo objetivo é, segundo ele, o de reforçar o estado de direito e acabar com a alternância "entre a democracia e a ditadura".