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Talibã confirma acordo para abrir escritório político no exterior

De acordo com o grupo, a abertura do escritório faz parte das negociações de paz com os Estados Unidos

Talibãs no Afeganistão: eles reiteram a posição de que todas as tropas estrangeiras devem deixar o país para terminar com a guerra (Tariq Mahmood/AFP)

Talibãs no Afeganistão: eles reiteram a posição de que todas as tropas estrangeiras devem deixar o país para terminar com a guerra (Tariq Mahmood/AFP)

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Da Redação

Publicado em 3 de janeiro de 2012 às 19h09.

Cabul - O grupo talibã anunciou nesta terça-feira que chegou a um "acordo inicial" para abrir seu primeiro escritório político no exterior, possivelmente no Qatar, no primeiro gesto público voltado para uma negociação de paz com os Estados Unidos.

É a primeira vez que o grupo insurgente levanta publicamente a perspectiva de uma paz negociada depois de mais de 10 anos de luta contra o governo de Cabul, após o anúncio anterior de que não iria conversar até que todas as tropas estrangeiras deixassem o solo afegão.

Em um comunicado divulgado em seu suposto site, "Voice of Jihad" (Voz da Jihad), os islamitas afirmaram que realizaram "negociações preliminares com partes relevantes, incluindo o Qatar", para abrir um escritório fora do Afeganistão, sem confirmar onde ele seria instalado.

Uma de suas demandas seria por uma troca de prisioneiros que incluísse a libertação de detidos talibãs da prisão americana de Guantánamo, localizada na ilha de Cuba.

"Agora estamos preparados, embora tenhamos uma forte presença dentro (do Afeganistão), para ter um escritório político fora (do Afeganistão) para negociações", disse o comunicado.

"E como parte disso atingimos um acordo inicial com as partes relevantes, incluindo o Qatar".

Cerca de 130 mil soldados liderados pelos Estados Unidos ainda lutam contra a insurgência encabeçada pelos talibãs no Afeganistão, com tropas de combate da coalizão prontas para deixar o país no fim de 2014, transmitido o controle da segurança às forças afegãs.

O talibã, agora em seu 11º ano de luta contra o governo do presidente Hamid Karzai, apoiado pelas nações ocidentais, convocou novamente as tropas internacionais a deixarem o país.

"A ocupação do país deve acabar e os afegãos devem ser autorizados a criar um governo islâmico de sua escolha que não cause mal a ninguém".


O governo negou algumas notícias da imprensa de que as negociações com os EUA teriam começado, mas, de acordo com uma fonte do Paquistão, discussões iniciais foram realizadas no outono (boreal) em Doha, no Qatar, entre diplomatas americanos e uma pequena delegação talibã liderada por Tayyeb Agha, o ex-secretário do líder talibã Mulá Omar.

A fonte afirmou que Agha era o único funcionário talibã em contato direto com mulá Omar, afirmando que o fundador do grupo talibã estava baseado no Paquistão.

As informações chegam dois dias após o presidente Karzai acolher publicamente declarações do vice-presidente americano, Joe Biden, de que o talibã "por si só não é nosso inimigo", afirmando que ele ajudaria a levar a paz e a estabilidade ao Afeganistão.

As declarações de Biden à revista Newsweek geraram controvérsia nos Estados Unidos, mas refletiram um crescente foco em buscar um acordo político à medida em que as nações ocidentais se preparam para levar suas tropas de volta para casa.

Karzai concordou que, se os Estados Unidos querem criar um endereço talibã no Qatar para tornar possível negociações de paz, não ficaremos no caminho, desde que o Afeganistão seja envolvido no processo.

O assassinato em setembro do enviado de paz de Karzai, o ex-presidente Burhanuddin Rabbani, aparentemente afundou qualquer perspectiva de progresso em negociações.

Na entrevista à Newsweek, Biden enfatizou a necessidade de que os talibãs cortem os laços com a Al-Qaeda.

À medida que incentiva um acordo político, o governo afegão mudou seu tom em relação aos insurgentes, se referindo a ataques "terroristas", em vez de "talibãs".

Mas muitos afegãos temem que, se o talibã for alçado à política convencional, sua influência provocará o enfraquecimento dos direitos humanos e da liberdade.

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