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Mianmar vive primeiras eleições livres em 25 anos

Uma multidão entusiasmada e usando camisetas vermelhas, com os slogans "Temos que vencer" e "Vote pela mudança", se reuniu diante da sede da LND


	Pessoas vão à rua em Mianmar por vitória iminente da oposição: os resultados definitivos, no entanto, serão publicados dentro de vários dias
 (Lauren DeCicca/ Getty Images)

Pessoas vão à rua em Mianmar por vitória iminente da oposição: os resultados definitivos, no entanto, serão publicados dentro de vários dias (Lauren DeCicca/ Getty Images)

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Da Redação

Publicado em 9 de novembro de 2015 às 17h00.

O partido da opositora birmanesa Aung San Suu Kyi reivindicou nesta segunda-feira uma grande vitória nas legislativas de domingo, confirmada pelos primeiros resultados oficiais, que abrem caminho para uma mudança histórica no país.

Na Câmara baixa do Parlamento, a mais importante com 323 cadeiras, a Liga Nacional pela Democracia (LND) obteve 25 dos 28 primeiros assentos de deputados atribuídos nesta segunda-feira pela comissão eleitoral. Os outros dois são para o partido no poder, o USDP.

As primeiras circunscrições (de um total de 491 cadeiras em disputa nas eleições para as duas câmaras do Parlamento) estão situadas na região de Yangon, a capital econômica do país, onde a opositora e vencedora do Nobel da Paz conta com um forte apoio.

Os resultados definitivos, no entanto, serão publicados dentro de vários dias.

Uma multidão entusiasmada e usando camisetas vermelhas, com os slogans "Temos que vencer" e "Vote pela mudança", se reuniu diante da sede da LND.

"Esperávamos poor estes resultados há anos", afirmou Thuzar, um comerciante de 42 anos, usando uma camiseta com a foto de "mãe Suu", como Suu Kyi é chamada afetuosamente.

"Acho que o povo já tem uma ideia dos resultados, mas ainda não quero dizer nada", declarou Aung San Suu Kyi em uma breve aparição na janela da sede de seu partido, no centro de Yangun.

O partido no poder, o USDP, criado pelos ex-generais para dirigir a transição, reconheceu a derrota.

O presidente da Câmara baixa do Parlamento, Shwe Mann, perdeu para o candidato da LND na região de Phyuu (centro).

Em um tom muito mais direto, Win Htein, porta-voz da LND, anunciou que o partido poderá obter mais de 70% das cadeiras em todo o país.

Se confirmado este resultado, a LND poderá obter a maioria absoluta no Parlamento, apesar dos 25% das cadeiras reservadas aos militares, e poderá eleger o próximo presidente no início de 2016.

A vitória do partido de Aung San Suu Kyi abre uma nova era no país depois de décadas de poder militar. Apesar da dissolução da junta em 2011, os militares seguem no poder.

Eleição do presidente em 2016

Uma vez eleito, o Parlamento terá que escolher no início de 2016 o próximo presidente.

Aung San Suu Kyi sabe que não poderá ser chefe de Estado porque a Constituição birmanesa proíbe o acesso ao cargo às pessoas que têm filhos de nacionalidade estrangeira, como é o seu caso.

Mas, na semana passada, ela advertiu que estaria "acima do presidente" em caso de vitória da LND.

"Não tenho nenhuma dúvida sobre os resultados. Tudo vai mudar", disse à AFP Yee Yee, vendedora em um mercado de Yangon que votou na LND.

Aos 70 anos, Aung San Suu Kyi, filha do general Aung San, um dos heróis da independência birmanesa, passou 15 anos sob prisão domiciliar e encarna há 30 anos a vontade democrática de seu povo.

As últimas eleições legislativas livres no país haviam acontecido em 1990, com uma grande vitória da LND. Suu Kyi não participou daquela campanha porque estava em prisão domiciliar e a junta militar não reconheceu o resultado.

Vinte e cinco anos depois, os militares herdeiros da junta prometem reconhecer os resultados.

Segundo uma primeira avaliação de uma missão de observadores europeus, autorizados a acompanhar pela primeira vez as eleições em Mianmar, o voto foi conduzido sem maiores dificuldades.

"Embora estas eleições sejam um passo à frente, não foram perfeitas", afirmou, no entanto, o secretário de Estado americano, John Kerry.

A participação foi de cerca de 80%, dentro de um corpo eleitoral de 30 milhões de pessoas.

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