Hillary Clinton: "estou certa de que isto não mudará as conclusões de julho", afirmou (Jonathan Ernst / Reuters)
AFP
Publicado em 29 de outubro de 2016 às 13h32.
Última atualização em 29 de outubro de 2016 às 14h38.
São Paulo - Os últimos dez dias da campanha presidencial dos Estados Unidos começaram neste sábado com uma nova surpresa: a reabertura pelo FBI das investigações sobre o uso por Hillary Clinton de um servidor privado de e-mails quando era secretária de Estado.
Donald Trump, o candidato republicano que parecia estar se encaminhando para a derrota em 8 de novembro, aproveitou a oportunidade para garantir a seus seguidores que a corrida à Casa Branca ainda não foi perdida.
Ele deu um novo significado para a sua campanha: a suposta "corrupção" e problemas éticos da sua rival.
"A investigação é o maior escândalo político desde Watergate, e todo mundo espera que a justiça seja finalmente feita", afirmou o bilionário em um comício em Cedar Rapids, Iowa, na sexta-feira à noite.
A candidata democrata lidera claramente as pesquisas, enquanto a votação já começou em 34 dos 50 estados e que mais de 18 milhões de americanos já votaram antecipadamente.
Nas últimas semanas, os dois candidatos multiplicaram suas aparições em estados como Flórida, Carolina do Norte, Iowa, Ohio, New Hampshire e Arizona, que poderiam decidir o resultado da eleição.
As últimas pesquisas apontam para um ligeiro acirramento em alguns estados-chave e a nível nacional (45,1% contra 40,7%). Neste contexto, o anúncio da reabertura da investigação pelo FBI complica o futuro da campanha, que os democratas pretendiam dedicar a uma grande operação de mobilização.
O destaque deste fim de semana será um grande show com Jennifer Lopez em Miami neste sábado, na presença de Hillary Clinton.
Na sexta, em uma carta à Comissão de Assuntos Judiciários da Câmara de Representantes, o diretor do FBI, James Comey, informou que seus peritos "tomaram conhecimento da existência de e-mails que parecem ser pertinentes à nossa investigação".
O FBI fez uma exaustiva investigação sobre o uso, por parte de Hillary Clinton, de um servidor para enviar e-mails quando era secretária de Estado. No final da investigação, Comey anunciou, em julho deste ano, que o FBI não apresentaria acusações formais contra a democrata, mas avaliou que a ex-secretária de Estado e seus assessores foram "extremamente descuidados" no tratamento de informação reservada.
As milhares de novas mensagens, cujo conteúdo não foi revelado, foram descobertas pelo FBI, segundo a rede NBC, em um computador de Huma Abedin, próxima de Hillary Clinton e membro de seu gabinete no departamento de Estado, e de seu marido Anthony Weiner, de quem se separou em agosto e que é alvo de uma investigação distinta por envio de mensagens de cunho sexual para uma menor de idade.
Donald Trump fará campanha neste sábado no Colorado, Arizona e Nevada.
Os democratas denunciaram a atitude de James Comey, num momento tão próximo da eleição, e pediram que esclareçam a situação a fim de acabar com os boatos sobre as mensagens descobertas.
"Estou certa de que isto não mudará as conclusões de julho", afirmou Hillary Clinton em relação à decisão do FBI e do departamento de Justiça de encerrar a investigação.
"Estamos a 11 dias da, talvez, a mais importante eleição nacional das nossas vidas. Não conhecemos os fatos, e estamos pedindo ao FBI que divulgue toda a informação que possui", acrescentou.
Mas a magnitude do trabalho para estudar milhares de mensagens torna improvável que o FBI chegue a novas conclusões antes de 8 de novembro.