Bangladesh: Essa foi a principal reivindicação dos estudantes que saíram às ruas há duas semanas (AFP/AFP)
Agência de Notícias
Publicado em 21 de julho de 2024 às 11h38.
O Supremo Tribunal de Bangladesh anulou, neste domingo,21, a ordem judicial que permitia amplas cotas de emprego público para os filhos de veteranos de guerra no país, um privilégio que desencadeou protestos estudantis em massa e uma onda de violência com mais de 100 mortos.
Em uma audiência especial realizada prematuramente devido à violência nas ruas, o Supremo decidiu anular a decisão do Supremo Tribunal de Daca proferida no mês passado, que permitia ao governo conceder um terço dos empregos aos descendentes dos combatentes da guerra de libertação de Bangladesh (1971).
Com isto, o mais alto tribunal do país ordenou uma reestruturação total das cotas de emprego no serviço público, que caíram de 30% para 5% para os filhos dos combatentes, e 2% para as minorias étnicas e pessoas com deficiência, disse o advogado Shah Monjurul Haque, representante dos estudantes.
"A sala de apelações deu uma solução final para a questão judicial. A solução é que, tendo em conta a situação atual, a cota geral será de 93%, 5% para os descendentes dos combatentes da liberdade, 1% para as minorias étnicas e 1% para pessoas com deficiência e pessoas do terceiro gênero (transexuais)", indicou na porta do tribunal.
Isto significa que 93% dos cargos públicos terão de ser atribuídos com base no mérito.
Essa foi a principal reivindicação dos estudantes que saíram às ruas há duas semanas com um movimento que se tornou violento há poucos dias com a repressão das forças de segurança e que deixou cerca de 120 mortos, segundo relatório elaborado pela Agência EFE.
Neste sentido, “o tribunal apelou aos estudantes que regressem às aulas e pediu também aos responsáveis que avisassem os seus filhos para regressarem”, acrescentou.
Esse mesmo pedido também foi feito pelo procurador-geral ao sair do tribunal.
“Uma vez que todas as exigências dos estudantes foram atendidas com este veredicto, eles deveriam retornar às aulas”, disse o procurador-geral AM Amin Uddin.
Um porta-voz dos estudantes, Abdullah Saleheen, disse à EFE que eles anunciarão sua reação à decisão no final do dia, assim que os líderes estudantis se reunirem.