Homem sai da corte federal de Manhattan onde Nazih al-Ragye, conhecido como Abu Anas al-Liby, deveria ser julgado, em Nova York (Eduardo Munoz/Reuters)
Da Redação
Publicado em 15 de outubro de 2013 às 22h00.
Washington - Investigadores dos Estados Unidos desistiram de interrogar um suposto militante graduado da Al Qaeda que foi capturado na semana passada na Líbia e que parou de se alimentar regularmente, agravando problemas de saúde pré-existentes, segundo fontes oficiais norte-americanas familiarizadas com o assunto.
Uma fonte disse que os interrogadores dos EUA tiveram pouco sucesso em obter informações do suspeito, conhecido como Abu Anas al-Liby, e que então pararam de interrogá-lo quando ele ainda era mantido a bordo de uma embarcação militar norte-americana no Mediterrâneo.
Al-Liby, cujo nome real é Nazih al-Ragye, foi posteriormente levado por via aérea para Nova York, onde se apresentou nesta terça-feira em um tribunal federal e negou envolvimento no atentado de 1998 contra as embaixadas dos EUA no Quênia e na Tanzânia, um ataque que matou mais de 200 pessoas.
O suposto militante foi capturado neste mês em uma rua de Trípoli por agentes especiais da Marinha norte-americana e levado em seguida para o navio USS San Antonio.
Como sua saúde piorava, as autoridades decidiram no fim de semana transferi-lo para Nova York, onde ele foi hospitalizado. Após duas noites de internação, ele foi liberado para as autoridades judiciais.
Ao desembarcar nos EUA, Al-Liby passou a ter os mesmos direitos que qualquer outro réu no Judiciário civil. Isso significa que ele não pode mais ser interrogado sem ser informado do seu direito constitucional a não fazer declarações que possam ser usadas contra ele.
Na semana passada, autoridades dos EUA disseram que uma das principais razões para a arriscada operação de captura de Al-Liby em Trípoli era a expectativa de que ele pudesse fornecer informações valiosas sobre o funcionamento e os planos da Al Qaeda.
Uma equipe composta por integrantes de várias agências, chamada de Grupo de Interrogatório para Detentos de Alto Valor, foi enviada para o USS San Antonio. Na época da sua captura, autoridades disseram que a intenção era manter Al-Liby sendo interrogado no navio por várias semanas.
"Por que o apanhamos se não fosse para fazê-lo falar?", questionou uma fonte oficial dos EUA, que confirmou a ineficácia no interrogatório inicial.
Autoridades disseram sob anonimato que parentes de Al-Liby revelaram que ele sofre de hepatite C. Essas fontes disseram que o suposto militante parou de comer e consumir líquidos com regularidade quando chegou ao navio.
Uma fonte oficial descreveu Al-Liby como "voluntarioso", e uma segunda autoridade disse que ele pode estar jejuando por motivos religiosos, e não como protesto. Essa fonte disse também que o preso pode sofrer de outros problemas de saúde, não especificados.