O ministro do Interior marroquino, Taieb Cherkau, definiu o suposto terrorista como "um cidadão marroquino obsessivo com o pensamento 'jihadista' " (Abdelhak Senna/AFP)
Da Redação
Publicado em 6 de maio de 2011 às 10h28.
Rabat - O suposto autor material do atentado contra o café Argana em Marrakech já tinha sido detido previamente em Portugal, Síria e Líbia ao tentar se unir a grupos terroristas islâmicos, informou nesta sexta-feira o ministro do Interior marroquino, Taieb Cherkaui.
Em entrevista coletiva, Cherkaui informou que os dois colaboradores do suposto autor tinham sido também detidos previamente na Líbia e assinalou que os três são moradores da cidade de Safi (cerca de 150 quilômetros a leste de Marrakech), embora não tenha facilitado suas identidades.
O principal acusado tinha sido detido em 2004 e 2007 em Portugal e na Síria ao tentar viajar para a Chechênia e Iraque, e nas duas ocasiões foi expulso para o Marrocos.
Em maio de 2008, voltou a tentar viajar ao Iraque junto com dois colaboradores que também foram detidos, mas os três foram presos na Líbia e devolvidos a seu país de origem.
Ao não poder chegar a essas áreas em conflito, o suposto autor tomou a decisão de cometer um atentado de grande magnitude em solo marroquino, explicou o ministro.
Segundo as investigações, o suposto terrorista não tinha em princípio como objetivo o café Argana, na turística praça de Yema el-Fna, mas decidiu lançar sua ação contra esse lugar ao ver que nele se concentrava um bom número de turistas.
No atentado morreram 16 pessoas, das quais 13 eram de nacionalidade estrangeira, oito delas franceses.
No atentado foram usadas duas bombas, uma de nove quilos de peso e outra de seis, que foram ativadas a distância com um telefone celular.
O suposto autor escondia o material para preparar os explosivos, adquirido há seis meses, na casa de seus pais em Safi, em cujo porto trabalhava, acrescentou o ministro em seu discurso, de menos de dez minutos, e no qual não admitiu perguntas.
Cherkaui definiu o suposto terrorista como "um cidadão marroquino obsessivo com o pensamento 'jihadista' e que jurou lealdade à organização Al Qaeda".
Como já tinha sido anunciado na noite desta quinta-feira em comunicado, o ministro do Interior marroquino apontou que o suspeito tinha preparado os dois explosivos através de páginas na internet que instruem na fabricação caseira de bombas.
O atentado do café Argana é a ação terrorista mais sangrenta em solo marroquino desde a rede de explosões em Casablanca em maio de 2003, que matou 45 pessoas.