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Da Redação
Publicado em 7 de maio de 2014 às 08h49.
Lagos - Pelo menos 200 pessoas morreram na Nigéria em um novo ataque supostamente cometido pela seita radical islâmica Boko Haram no estado de Borno, no norte do país, informou nesta quarta-feira o deputado federal Abdulrahman Terab.
O ataque, que ocorreu na tarde da segunda-feira mas só foi divulgado hoje, aconteceu na cidade de Gamboru, próxima da fronteira com Camarões, disse Terab ao jornal local "Daily Trust".
"As pessoas ainda estão contando os corpos. Contaram mais de 200 e ainda não acabaram", disse o deputado, representante da região na câmara baixa do parlamento nacional.
"Não há família que não se tenha visto afetada em Gamboru", disse Terab. As famílias já estão realizando os funerais das vítimas, segundo o deputado.
Um sobrevivente do massacre, Mohammed Abari, de 60 anos, relatou hoje aos jornalistas que as vítimas fatais poderiam chegar a 300.
Os agressores, que usavam roupas militares, invadiram a cidade à noite em caminhonetes e motocicletas, destruíram mais de 250 casas e dispararam contra os moradores, segundo as testemunhas. Os criminosos também teriam usado explosivos e lança-granadas.
"Quando os pistoleiros chegaram, muita gente estava dormindo. Eu despertei pelo barulho dos disparos e os gritos de angústia dos que foram baleados ou forçados a sair de suas casas incendiadas. Não recebemos nenhuma ajuda", acrescentou Abari.
A testemunha se escondeu em uma floresta durante várias horas antes de poder fugir para a capital de Borno, Maiduguri, a cerca de 200 quilômetros da cidade atacada.
O ataque não foi reivindicado por nenhum grupo, mas se suspeita que pode ser obra do Boko Haram, autor de vários ataques no estado de Borno, base espiritual e de operações da milícia islâmica.
O grupo armado divulgou na segunda-feira um vídeo no qual se atribuiu o sequestro de mais de 200 meninas em uma escola de Chibok, também em Borno, e disse que venderia as estudantes.
No domingo, supostos membros da seita sequestraram outras oito meninas, de entre 12 e 15 anos, na cidade de Warabe, em Borno.
O Boko Haram, que significa em língua local "a educação não islâmica é pecado", luta para impor a "sharia" (lei islâmica) na Nigéria, país de maioria muçulmana no norte e predominantemente cristã no sul.
Desde que a polícia matou em 2009 o líder do Boko Haram, Mohammed Yousef, os radicais mantêm uma sangrenta campanha que deixou mais de três mil mortos.
Com 170 milhões de habitantes integrados em mais de 200 grupos tribais, a Nigéria, o país mais populoso da África, sofre múltiplas tensões por suas profundas diferenças políticas, religiosas e territoriais.