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Na Argentina, supermercado aceita dólares velhos pelo 'melhor preço' para lidar com inflação

No país, as pessoas têm o hábito de economizar em notas de dólar por causa de décadas de inflação elevada e desconfiança no sistema financeiro

EFE
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Agência de Notícias

Publicado em 19 de agosto de 2024 às 20h39.

Última atualização em 19 de agosto de 2024 às 20h39.

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A maior rede atacadista de supermercados da Argentina, Diarco, anunciou que a partir desta segunda-feira oferece aos seus consumidores a possibilidade de pagar em dólares velhos ou danificados a um preço superior ao paralelo informal, em um país acostumado a poupar nessa moeda para se proteger da inflação.

“Levamos seus dólares e ao melhor preço” – nesta segunda-feira são 1,4 mil pesos a unidade, segundo indica sua página na internet – que tenham a ‘cara pequena’ ou a ‘cara grande’ de Benjamin Franklin, que estejam ‘enrugados, velhos, manchados ou desenhados’.

Na Argentina, as pessoas têm o hábito de economizar em notas de dólar por causa de décadas de inflação elevada e desconfiança no sistema financeiro, por isso as notas podem se deteriorar com o tempo ou envelhecer e, se forem ao mercado informalmente para trocá-las por pesos, obtêm desconto sobre o valor de 1.340 pesos cotado hoje.

Alguns supermercados do país já aceitam dólares, mas com valor baseado no preço oficial, que atualmente é de 963 pesos.

O diretor de marketing do Grupo Goldfarb, dono da Diarco, Laureano García, explicou à rádio "Urbana Play" que é “um benefício para quem talvez tenha pensado em fazer outra coisa com esses dólares e, em vez de depositá-los ou trocá-los em outro lugar por um preço mais baixo, eles podem optar" por comprar nas 56 filiais do supermercado atacadista espalhadas pelo país.

“Muitos comerciantes podem vir comprar do atacadista. É um benefício pela diferença de preço e pela simplicidade operacional”, acrescentou García.

Este anúncio é feito em um contexto de forte queda do consumo, em consequência da queda do poder de compra dos rendimentos em consequência do ajustamento realizado pelo governo de Javier Milei para combater a inflação, que também foi de 263,4% anual em julho passado.

A proposta vai ao encontro da “competição cambial” que Milei defende, em vez da dolarização que prometeu na campanha eleitoral, que pretende permitir aos argentinos utilizar qualquer moeda para transações, em paralelo com o peso argentino.

O mandatário também está interessado em que os argentinos utilizem seus dólares e os joguem no mercado interno, após terem estabelecido uma política de não emissão de moeda argentina.

O porta-voz da Presidência, Manuel Adorni, celebrou hoje a decisão do supermercado e disse que “é preciso ser livre para promover a moeda que mais lhe convém”, ao responder na habitual entrevista coletiva na sede do governo sobre esta “decisão comercial” do supermercado, que considerou que "vai trazer clientes".

“É ótimo” que “comecemos a libertar a mente”, acrescentou o porta-voz.

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