Romney conseguiu uma maioria de seis estados, mas não conseguiu se livrar de seus adversários Santorum e Gingrich (©AFP/Getty Images / Justin Sullivan)
Da Redação
Publicado em 7 de março de 2012 às 13h18.
Washington - A 'Super Terça' desmentiu sua fama depois que as eleições primárias em 10 estados acabaram não coroando um candidato republicano para as presidenciais de novembro.
Ao contrário, a espetacular maratona de votos deixou Mitt Romney praticamente na mesma posição em que estava, como o favorito condenado a superar um difícil mês de março para conquistar seu prêmio final: enfrentar o presidente Barack Obama nas urnas.
Romney conseguiu uma maioria de seis estados, mas não conseguiu se livrar de seus adversários Rick Santorum e Newt Gingrich, e expôs novamente os aspectos fracos que prejudicam sua campanha à indicação.
Mais uma vez, o favorito republicano fracassou em sua tentativa de cativar a base conservadora de seu partido. Mais uma vez, Romney gastou milhões de dólares em propaganda, mas não conseguiu definir uma campanha.
Pesquisas de boca de urna no crucial estado de Ohio mostraram, além disso, que o multimilionário capitalista continua lutando para conectar-se aos eleitores da classe média e trabalhadores.
Apesar disso, a 'Super Terça' deixou poucas dúvidas aos analistas de que Romney será o republicano que tentará impedir um segundo mandato de Obama na Casa Branca.
"Acho que a longa luta para a indicação continua para Mitt Romney", afirmou Dante Scala, professor de Ciências Políticas da Universidade de New Hampshire.
Romney já recebeu vários golpes, mas pelo menos pode considerar-se um sobrevivente. Agora pode, além disso, ufanar-se de ter vencido as primárias na Flórida e Ohio, dois estados que mudam de preferência eleição para eleição, e onde os republicanos precisam vencer para ambicionar a Casa Branca.
"Acho que Romney é favorito por exclusão", opinou Bruce Buchanan, professor de governo na Universidade de Texas.
"Acho que ouviremos ainda a defesa de alguns republicanos quanto a outros candidatos e vamos saber se tudo isso cairá por terra".
Mesmo sem cifras definitivas ainda, Romney assegurou na terça-feira uma vantagem nos únicos números que contam, o de delegados para a Convenção Nacional republicana de agosto.
O ex-governador de Massachusetts provavelmente superou de forma folgada os 300 delegados, muito à frente dos obtidos por Rick Santorum, na corrida pelos 1.144 delegados necessários para a indicação.
Romney ganhou em Ohio, Idaho, Massachusetts, Vermont, Virgínia e Alasca, enquanto Santorum venceu no Tennessee, Oklahoma e Dakota do Norte. Gingrich ganhou apenas em seu estado natal, Geórgia.
Mas o fracasso de Romney no Tennessee foi uma decepção, já que uma vitória neste estado teria permitido alegar que, apesar de ser moderado, é capaz de atrair os ativistas conservadores em um estado tradicionalmente republicano.
Do mesmo modo, Santorum também não conseguiu transcender seu eleitorado conservador e religioso, perdendo por estreita margem em Ohio, um campo de batalha muito complexo, onde tentou mostrar-se como um candidato viável para a eleição geral.
Os esforços de Santorum por apresentar-se como um genuíno oponente de Obama também fracassaram.
Os eleitores, cuja prioridade é eleger um candidato capaz de derrotar Obama, favoreceram Romney com 53% contra 27% em Ohio, segundo pesquisas de boca de urna da CNN.
Mas houve sinais preocupantes se os números de Romney se aprofundarem em Ohio, estado-chave nas eleições presidenciais.
Ele captou a maioria de seus votos entre os setores com maior renda, segundo as pesquisas, mas perdeu para Santorum com os eleitores da classe média, os que ganham entre 50.000 e 100.000 dólares por ano e os que recebem menos de 50.000 dólares.
Isto poderá ser um problema na eleição geral, ante uma campanha populista de Obama que apresente Romney como o porta-voz de uma economia injustamente inclinada para os muito ricos.
A 'Super Terça' se converteu num microcosmo de toda a campanha republicana: Romney era o pré-candidato mais forte, com limitações, incapaz de liderar de forma indiscutível uma disputa carente de um candidato que una o partido.
Este fato preocupa os republicanos, que temem uma campanha complicada, dominada por temas sociais que provavelmente afugentará os eleitores moderados, e que prejudicaria muito as possibilidades de um eventual indicado para enfrentar Obama.