Mundo

Sul-africanos lembram Mandela e lamentam falta de mudanças

A África do Sul lembrou o primeiro aniversário da morte do ex-presidente hoje, com homenagens e reflexões sobre a falta de mudanças no país

Pessoas visitam memorial no aniversário da morte do ex-presidente sul-africano Nelson Mandela (Rogan Ward/Reuters)

Pessoas visitam memorial no aniversário da morte do ex-presidente sul-africano Nelson Mandela (Rogan Ward/Reuters)

DR

Da Redação

Publicado em 5 de dezembro de 2014 às 19h26.

Pretória- A África do Sul lembrou o primeiro aniversário da morte do ex-presidente Nelson Mandela nesta sexta-feira com homenagens à sua luta contra a opressão da minoria branca e reflexões sobre a incapacidade do país para capitalizar a liberdade que ele buscou.

Veteranos do combate ao apartheid depositaram coroas de flores aos pés de uma enorme estátua do líder em Pretória, onde mais cedo a multidão cantou “Nkosi Sikelel' iAfrika” (Deus Abençõe a África), sugestiva versão do hino nacional adaptada depois do fim do apartheid, em 1994.

Por todo o país, multidões tocaram sinos, sirenes e vuvuzelas durante três minutos e sete segundos antes de fazer três minutos de silêncio, uma homenagem de seis minutos e sete segundos referente aos 67 anos de Mandela no serviço público.

Mas também foi uma ocasião para refletir sobre o ritmo decepcionante das mudanças desde 1994 e desabafar a frustração com o atual presidente sul-africano, Jacob Zuma, e seu partido governista, o Congresso Nacional Africano (ANC, na sigla em inglês).

"Este momento deveria nos induzir a parar e refletir sobre a vida do maior filho da África do Sul", declarou o presidente interino, Cyril Ramaphosa, substituindo Zuma, que visita a China.

Ephraim Mabena, de 55 anos, um veterano da unidade armada antiapartheid que Mandela ajudou a criar, o chamou de inspiração e lenda, acrescentando: "A parte triste é que ele não está mais conosco." O primeiro presidente negro da África do Sul, que passou 27 anos na prisão e ressurgiu pregando o perdão e a reconciliação, morreu no ano passado aos 95 anos de uma infecção pulmonar.

Vinte anos depois de ele levar o ANC ao poder prometendo garantir o acesso universal à educação de qualidade, empregos e moradia, muito pouco do otimismo que tomou o país permanece.

"Mandela estava em uma luta diferente. Os líderes atuais estão lutando por si mesmos", afirmou o estudante Paballo Nalane, de 23 anos, entre a multidão presente na Praça Nelson Mandela, em Johanesburgo.

Um quarto da força de trabalho --e 60 por cento da juventude-- está desempregada. A sociedade continua profundamente desigual, o que alimenta o crime e os tumultos sociais, e a confiança na liderança de Zuma atinge recordes negativos.

"Os elogios fúnebres revelarão que, subliminarmente, existe uma busca contínua por outro Mandela", declarou o jornal Business Day em seu editorial.

Acompanhe tudo sobre:ÁfricaÁfrica do SulMortesNelson MandelaPolíticos

Mais de Mundo

Trump nomeia Robert Kennedy Jr. para liderar Departamento de Saúde

Cristina Kirchner perde aposentadoria vitalícia após condenação por corrupção

Justiça de Nova York multa a casa de leilões Sotheby's em R$ 36 milhões por fraude fiscal

Xi Jinping inaugura megaporto de US$ 1,3 bilhão no Peru