Sessão do Parlamento Sueco, em 27 de setembro de 2022, em Estocolmo (AFP Photo)
Agência de notícias
Publicado em 17 de abril de 2024 às 15h43.
Última atualização em 17 de abril de 2024 às 18h40.
O Parlamento sueco aprovou nesta quarta-feira, 17, uma polêmica lei que reduz de 18 para 16 anos a idade mínima para solicitar a mudança de gênero no registro civil e que facilita o acesso à cirurgia de redesignação sexual.
Após seis horas de intenso debate, os deputados aprovaram a lei por 234 votos a favor e 94 contra, dos 349 assentos que compõem o Parlamento sueco.
Duas novas leis substituirão a legislação atual: uma regulamentará os procedimentos cirúrgicos de redesignação sexual e a outra, o de mudança de gênero no registro civil.
Quando o texto entrar em vigor em 1º de julho de 2025, pessoas a partir de 16 anos poderão solicitar estes procedimentos, mas até completarem 18 anos, precisarão da autorização dos pais, de um médico e da Direção Nacional de Saúde e Assuntos Sociais.
Contudo, não será mais necessário o diagnóstico de "disforia de gênero", que estabelece que a pessoa em questão sofre devido à discordância entre o gênero ao qual se identifica e o que foi atribuída ao nascer.
"A Suécia finalmente tem uma lei moderna sobre a identidade de gênero", comemorou o líder do Partido do Centro, Muharrem Demirok.
Já o líder dos Democratas Suecos, de extrema direita, Jimmie Åkesson, considerou o resultado da votação "lamentável". "Quando se trata de crianças, como é o caso aqui, [o assunto] é ainda mais delicado. Acho que é uma decisão que deveria ser revogada", declarou.
A nova lei facilitará a mudança de gênero no registro civil, um procedimento que atualmente é "muito longo" e que "pode levar até sete anos na Suécia", lembrou Peter Sidlund Ponkala, presidente da Federação Sueca para os Direitos das pessoas lésbicas, bissexuais, trans e 'queer' (RFSL, na sigla em inglês).
A cirurgia de redesignação sexual continuará sendo autorizada apenas a partir dos 18 anos, mas deixará de exigir a autorização da Direção Nacional de Saúde.
Como ocorre atualmente, a remoção ovariana ou testicular só será permitida a partir dos 23 anos.
De acordo com uma pesquisa publicada esta semana, cerca de 60% dos suecos se opõem à nova legislação e 22% estão a favor.
A proposta gerou divisão dentro da coalizão de centro-direita liderada pelo primeiro-ministro conservador Ulf Kristersson, e conseguiu avançar devido ao apoio da oposição de esquerda.