O líder do partido Moderados, Ulf Kristersson, deve ser o novo primeiro-ministro da Suécia (ALMA COHEN / © AGENCE FRANCE-PRESSE/AFP Photo)
AFP
Publicado em 14 de outubro de 2022 às 13h03.
Última atualização em 14 de outubro de 2022 às 14h07.
Com o apoio inédito da extrema-direita, a direita da Suécia anunciou nesta sexta-feira, 14, um acordo para formar um governo que pretende, entre outras metas, reativar o uso da energia nuclear no país.
"Os Moderados [conservadores], os Democrata-Cristãos e os Liberais formarão o governo e colaborarão com os Democratas da Suécia no Parlamento", declarou o líder do partido Moderados, Ulf Kristersson, em uma entrevista coletiva.
A votação para a designação de Kristersson como primeiro-ministro acontecerá na segunda-feira e o novo gabinete deve tomar posse no dia seguinte.
Os aliados revelaram um plano que pretende, entre outras medidas, lutar contra a criminalidade e reduzir a imigração, assim como reativar o uso da energia nuclear, da qual a Suécia se afastou nas últimas décadas.
"Novos reatores nucleares serão construídos", declarou a líder dos democrata-cristãos, Ebba Busch.
Nos últimos anos, a Suécia fechou seis de seus 12 reatores. Os que permanecem abertos geram quase 30% da energia elétrica usada no país.
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As mudanças no mercado de energia provocadas pela guerra na Ucrânia causaram a retomada do debate sobre o futuro da política energética na Suécia, assim como em outros países da Europa.
O governo social-democrata que comandou o país nos últimos oito anos era tradicionalmente contrário à construção de novos reatores, mas admitiu este ano que a energia nuclear é crucial para o futuro próximo.
O grupo de energia sueco Vattenfall afirmou em junho que examinava a possibilidade de construir ao menos dois pequenos reatores nucleares modulares para responder à demanda crescente de energia elétrica.
Após oito anos de governo social-democrata, a direita retoma o comando da Suécia com o avanço sem precedentes do Partido Democratas da Suécia (SD), grande vencedor das eleições de 11 de setembro com 20,5% de votos, um resultado recorde.
Sem presença no Executivo — uma opção descartada pelos outros partidos de direita —, o partido liderado há 17 anos por Jimmie Åkesson é a maior força parlamentar da nova maioria e a segunda maior bancada geral, com 73 cadeiras.
Com os moderados (68 cadeiras), democrata-cristãos (19) e liberais (16), a coalizão de direita tem maioria absoluta de 176 deputados.
A oposição liderada pelos social-democratas (107 cadeiras) da primeira-ministra demissionária Magdalena Andersson tem 173 representantes.
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Andersson não perde a esperança de retornar ao poder em caso de colapso do governo de direita.
Após eleições tão acirradas que provocaram um atraso de três dias na divulgação dos resultados, Ulf Kristersson recebeu a missão de formar o governo em 19 de setembro por parte do presidente do Parlamento sueco, Andreas Norlén.
Na quarta-feira, Kristersson obteve dois dias adicionais para finalizar as negociações com o bloco de direita.
O grande desafio do novo governo era conciliar as expectativas do pequeno partido Liberal, que tinha como barreira a entrada da extrema-direita no governo, e a influência do SD, que exigia alguns ministérios.
"Gostaríamos de ver um governo de maioria no qual teríamos participado", disse Jimmie Åkesson durante a entrevista coletiva dos quatro partidos de direita.
"Para nós é muito importante que tenhamos um entendimento global sobre as questões políticas", acrescentou.
A chegada do SD à maioria governista, ainda informal, é um terremoto na vida política na Suécia, 12 anos depois da entrada do partido no Parlamento com 5,7% dos votos.
Criado em 1988 das cinzas de um grupo neonazista, o partido de extrema-direita estabeleceu sua presença aos poucos no cenário político, em um contexto de forte imigração.
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