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Sudão prende jornalistas por não cobrirem discurso

O Sudão do Sul é um país sem lei de imprensa. Jornalistas frequentemente se queixam de perseguição pelo serviço de segurança da república africana


	Em 2011 , autoridades de Juba fecharam um jornal após o mesmo criticar o presidente Salva Kiir
 (Paula Bronstein/Getty Images)

Em 2011 , autoridades de Juba fecharam um jornal após o mesmo criticar o presidente Salva Kiir (Paula Bronstein/Getty Images)

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Da Redação

Publicado em 6 de janeiro de 2013 às 13h23.

JUBA - O Sudão do Sul prendeu dois jornalistas de divulgação estatal por não garantirem a cobertura de um importante discurso do presidente do país, Salva Kiir, informou um funcionário do governo neste domingo, provocando protestos de um observatório internacional da imprensa.

Jornalistas frequentemente se queixam de perseguição pelo serviço de segurança da república africana que se separou do Sudão em 2011. Naquele ano, autoridades de Juba fecharam um jornal após o mesmo criticar Kiir por permitir que sua filha se casasse com um estrangeiro.

O governo do Estado sul-sudanês de Western Bahr el Ghazal afirmou que deteve dois altos funcionários da emissora por "questões administrativas" após a estação deixar de cobrir a visita de Kiir à cidade de Wau, no mês passado.

"Eles foram presos simplesmente pois quando o presidente chegou aqui em Wau em 22 de dezembro de 2012, ele fez um discurso muito, muito importante", disse Derrick Alfred Uya, Ministro das Informações Estatais, à Reuters.

O Comitê de Proteção aos Jornalistas, um observatório de imprensa baseado em Nova York, afirmou que os detidos são Louis Pasquale, diretor-geral da emissora estatal de Western Bahr el Ghazal, e Khamis Ashab, diretor da televisão estatal.

Segundo o Comitê, os dois provavelmente foram detidos como parte de uma campanha para impedir que a mídia investigue recentes tumultos em Wau. Soldados mataram a tiros 10 pessoas que protestavam contra a transferência de um conselho local no mês passado, desencadeando mais violência na cidade localizada próxima à fronteira com o Sudão.

"Nós pedimos que as autoridades libertem Louis Pasquale e Ashab Khamis imediatamente, e que permitam que os jornalistas cubram os eventos estatais sem terem que enfrentar intimidações ou prisão" disse Tom Rhodes, consultor da CPJ East Africa, em um comunicado.

O Sudão do Sul é um país sem lei de imprensa, o que torna difícil para os jornalistas obterem informações, uma vez que o governo e os serviços de segurança são predominantemente compostos por ex-guerrilheiros acostumados à impunidade, um legado de décadas de guerra civil com o Sudão.

No mês passado, atiradores desconhecidos mataram a tiros o proeminente blogueiro e crítico do governo, Diing Chan Awuol, em sua casa.

A organização sediada na França, Repórteres Sem Fronteiras, classificou o Sudão do Sul em 111o lugar em seu índice de 179 países sobre liberdade de imprensa de 2011/2012.

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