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Sucessor político do Dalai Lama presta juramento como premiê

Novo primeiro-ministro tibetano é um advogado formado em Harvard

Sangay, que nunca visitou o Tibete, sucederá o Dalai Lama em uma mudança histórica na política tibetana (Nicholas Kamm/AFP)

Sangay, que nunca visitou o Tibete, sucederá o Dalai Lama em uma mudança histórica na política tibetana (Nicholas Kamm/AFP)

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Da Redação

Publicado em 8 de agosto de 2011 às 09h43.

Dharamsala - Lobsang Sangay, um advogado de 43 anos formado em Harvard, prestou juramento nesta segunda-feira como novo primeiro-ministro do governo tibetano e sucessor político do Dalai Lama.

Sangay fez o juramento em uma cerimônia presidida pelo Dalai Lama no templo de Tsuglagkhang, o centro espiritual de Dharamsala, a cidade na região norte da Índia onde fica a sede do governo no exílio.

Sangay, que nunca visitou o Tibete, sucederá o Dalai Lama em uma mudança histórica na política tibetana, já que pela primeira vez não estará dominada por líderes religiosos.

A figura do novo premier terá uma importância renovada, mas o Dalai Lama, de 76 anos, manterá a posição como líder espiritual e tomará as principais decisões políticas.

O desafio de Sangay é gigantesco. O líder espiritual tem uma profunda influência sobre os tibetanos, enquanto o novo primeiro-ministro é pouco conhecido fora de algumas alas da comunidade no exílio.

Em público ele manifesta apoio à política do Dalai Lama de buscar uma "autonomia significativa" para o Tibete sob o controle da China, mas por sua idade e por ter integrado o Congresso da Juventude Tibetana é objeto de especulações de que poderia ocultar uma agenda mais radical.

O Dalai Lama luta pelos direitos dos tibetanos desde que partiu para o exílio na Índia em 1959, quando fracassou uma revolta contra o domínio chinês, exercido desde o início daquela década.

Após as ofertas tradicionais de chá adocicado e arroz, Sangay foi empossado exatamente nove segundos após a 09H09 local, pois o número nove é associado à longevidade.

Nascido e criado na região produtora de chá da Índia, Darjeeling (nordeste), Sangay estudou na Universidade de Délhi, antes de completar um mestrado na Faculdade de Direito de Harvard, nos Estados Unidos, onde passou a lecionar.

Seu perfil não é muito comum entre a nova geração de ativistas tibetanos no exílio, que, apesar de serem budistas praticantes, veem suas qualificações profissionais como algo crucial para exercer uma boa liderança.

Em entrevista à AFP em Dharamsala no início do ano, Sangay reconheceu que o Dalai Lama era insubstituível, mas acrescentou que há uma fome na comunidade tibetana "para ver a nova geração assumir a liderança."

O novo primeiro-ministro foi eleito em abril, quando ele derrotou facilmente dois outros candidatos e ganhou 55% dos votos dos 49 mil que votaram no exílio na Índia e em outros países.

A figura escolhida é vista como um alívio para o Dalai Lama em sua luta pela autonomia do Tibete, mas não estará isenta de dificuldades, disseram especialistas.

O governo no exílio não é reconhecido tanto pela China ou por outros países e a sua legitimidade aos olhos dos tibetanos que vivem no Tibete, que pode ser questionada agora que já não é liderado pelo Dalai Lama.

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