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Sucessor de Mitterrand, Hollande encarna a esperança de mudança na França

O candidato socialista nunca fez parte de um governo francês; Hollande ganhou o primeiro turno das eleições

François Hollande formou na prestigiosa Escola Nacional da Administração (ENA) (Pierre Andrieu/AFP)

François Hollande formou na prestigiosa Escola Nacional da Administração (ENA) (Pierre Andrieu/AFP)

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Da Redação

Publicado em 22 de abril de 2012 às 16h26.

Paris - O candidato socialista a presidência da França, François Hollande, que neste domingo confirmou as previsões ao ganhar o primeiro turno das eleições presidenciais, se define como um candidato capaz de dar um novo rumo ao país e à política de austeridade e cortes, apesar de sua criticada falta de carisma.

Hollande, que dirigiu o Partido Socialista (PS) entre 1997 e 2008, cuja carreira transcorreu entre os corredores de sua formação e na política local da região rural de Corrèze, pretende protagonizar 'uma Presidência normal' frente a um quinquênio carregado de 'anormalidade' e descumprimento de promessas, segundo sua opinião.

Aos 57 anos e sem nunca ter feito parte de um Governo francês, o político soube manter o apoio recebido nas primárias de seu partido com uma estratégia marcada pela ausência de riscos e de erros graves.

Representante da ala mais centrista do PS, Hollande defende o retorno ao equilíbrio das contas públicas em 2017, um ano depois que o atual presidente e oponente conservador Nicolas Sarkozy. Mas, ao contrário deste último, se mostra reticente em registrar na Constituição a 'regra de ouro' do equilíbrio orçamentário.

O líder socialista, líder improvável até a queda do ex-dirigente do Fundo Monetário Internacional, o socialista Dominique Strauss-Kahn por causa do envolvimento em escândalos sexuais, conseguiu colocar a esquerda na primeira linha da conquista ao Palácio do Eliseu, nas mãos da direita desde a saída de François Mitterrand em 1995.

Ante a sintonia entre Sarkozy e a chanceler alemã, Angela Merkel, que se uniram para defender o equilíbrio e os ajustes, Hollande considera que não pode haver recuperação econômica sem medidas comprometidas com o crescimento. Além disso, é taxativo em sua vontade de renegociar o tratado orçamentário europeu. A atitude lhe deu destaque além das fronteiras francesas.

Formado na prestigiosa Escola Nacional da Administração (ENA), berço da maior parte dos políticos franceses, o crescimento político de Hollande foi acompanhado por uma transformação física e pessoal. O candidato perdeu peso e passou de uma personalidade brincalhona e irônica para um caráter mais sério, tranquilo e 'presidenciável'.


Preocupado em integrar todas as correntes socialistas, o político está convencido de que nunca houve tanta coesão no partido como neste pleito. Também afirma que sua eventual ascensão ao poder não será apenas punição aos defensores de Sarkozy, mas também como uma alternativa viável de mudança.

Hollande é pai de quatro filhos junto à também socialista Ségolène Royal, de quem se separou após as presidenciais de 2002. Neste pleito, no entanto, está acompanhado da jornalista Valérie Trierweiler, que pretende manter seu trabalho e independência caso Hollande seja o vencedor.

Na campanha que pode levá-lo ao Eliseu, estão propostas como a taxa de 75% aos contribuintes que ganham mais de um milhão de euros ao ano, criar 60 mil empregos no campo da educação e regular o setor financeiro separando a atividade especulativa dos bancos do financiamento da economia.

Para cumprir e respeitar o compromisso da França com seus parceiros europeus de diminuir o déficit a 3% do Produto Interno Bruto (PIB) em 2013, o programa de Hollande prevê 20 bilhões de euros em despesas adicionais, que o socialista pretende custear com um aumento da pressão fiscal sobre os ricos.

Ambição para todos esses desafios não falta ao candidato. Apesar da fama de bom, brando e covarde, Hollande delineou a pretensão desde criança. 'Quando for mais velho, serei presidente', dizia Hollande, segundo contou uma de suas tias em um documentário que será divulgado nesta segunda-feira pelo 'Canal+'. 

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