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Subornos da Odebrecht geram investigações em vários países

Países anunciaram as investigações após o grupo admitir que pagou centenas de milhões de dólares em subornos em vários países

Odebrecht: grupo admitiu à Justiça dos Estados Unidos os pagamentos (Paulo Whitaker/Reuters)

Odebrecht: grupo admitiu à Justiça dos Estados Unidos os pagamentos (Paulo Whitaker/Reuters)

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AFP

Publicado em 23 de dezembro de 2016 às 13h20.

Vários países latino-americanos anunciaram nesta quinta-feira investigações judiciais ligadas ao caso da Odebrecht, após o grupo brasileiro admitir à Justiça dos Estados Unidos que pagou centenas de milhões de dólares em subornos em vários países da região.

Reações país por país:

Peru

O presidente peruano, Pedro Pablo Kuczynski, negou ter recebido dinheiro quando era presidente do Conselho de Ministros no governo de Alejandro Toledo (2001-2006) e disse ser favorável a uma investigação à denúncia de subornos da Odebrecht no Peru entre 2005 e 2014.

"Eu posso garantir que não recebi nada, nem sei de nada. Obviamente deve-se investigar tudo isso e sou a favor de uma profunda investigação", disse Kuczynski à imprensa.

Ele explicou que as investigações sobre sua gestão quando era primeiro-ministro de Toledo foi arquivada.

"Se deram conta de que eu só havia assinado uma lei do congresso, isso não é crime", ressaltou.

No dia 14 de dezembro, o procurador Martín Salas decidiu reabrir a investigação na qual incluiu Kuczynski por supostamente favorecer a Odebrecht a ganhar uma concessão. O caso havia sido encerrado em setembro.

O presidente disse que a Procuradoria terá que investigar exaustivamente após a divulgação de documentos em que a Odebrecht admite ter realizado subornos no Peru (2005-2014) por aproximadamente 29 milhões de dólares.

"Os ex-presidentes Alejandro Toledo, Alan García e Ollanta Humala que governaram nesses anos (2005-2014) deverão dar explicações. Também tem que ver a quem se pagou".

Equador

O governo do Equador, que em 2008 expulsou a Odebrecht, pediu que o Ministério Público investigue supostos subornos da empresa brasileira no país, onde mantém contratos milionários, como a construção do metrô de Quito.

"Neste momento estou enviando ao Ministério Público uma solicitação para que investigue tudo o que tem a ver com os supostos atos de corrupção da Odebrecht no país", disse o secretário jurídico da Presidência do Equador, Alexis Mera, em coletiva de imprensa.

O procurador-geral Galo Chiriboga disse à imprensa que a embaixada equatoriana em Washington solicitará informação do caso ao Departamento de Justiça.

"Essa informação eu desejo tê-la oficialmente hoje, através de nossa embaixada, e isso implica que o Ministério Público já tenha iniciado uma indagação sobre isso", acrescentou.

"Não vamos proteger ninguém, não vamos encobrir ninguém; estamos absolutamente tranquilos do que fizemos. Atuamos com essa companhia de maneira muito rigorosa", garantiu Mera.

O presidente Rafael Correa, no poder desde 2007, expulsou a firma brasileira em 2008 por irregularidades na construção da hidroelétrica San Francisco. A medida gerou a reação de Brasília, que chamou seu embaixador para consultas entre novembro de 2008 e janeiro de 2009.

Após um acordo, a Odebrecht retornou em 2010 ao Equador, onde está encarregada de obras milionárias, como uma fase do metrô de Quito por 1,5 bilhão de dólares.

Colômbia

A Colômbia anunciou que cancelará os contratos em que forem comprovados atos de corrupção da Odebrecht.

"No momento em que for demonstrado de maneira clara que houve pagamentos de subornos (...), o Estado colombiano não duvidará de nenhuma maneira em tomar as decisões necessárias para terminar de maneira unilateral seus contratos e para evitar que a Odebrecht continue tendo negócios no país", disse o secretário de Transparência da Presidência, Camilo Enciso.

O funcionário pediu "ação contundente, rápida e eficaz da justiça colombiana" para esclarecer os subornos por mais de 11 milhões de dólares que a construtora pagou para realizar as obras públicas no país, com as quais teve lucros superiores a 50 milhões de dólares, segundo as autoridades americanas.

"Não podemos permitir que uma empresa criminosa como tem sido a Odebrecht continue agindo", afirmou.

Argentina

O Escritório Anticorrupção da Argentina informou ter entrado em contato com procuradores e investigadores do Brasil para obter mais informações sobre 35 milhões de dólares em subornos pagos a funcionários argentinos entre 2007 e 2015.

A deputada opositora Margarita Stolbizer pediu ao ministério Público uma investigaçãopreliminar sobre os casos, que teriam ocorrido durante o governo da presidente Cristina Kirchner.

"Se em algum lugar ocorreu corrupção em grande medida nos últimos anos foi justamente no ministério do Planejamento do (ex-ministro) Julio De Vido", disse a deputada sobre o antigo funcionário investigado por irregularidades em contratos de obras públicas.

Venezuela

A Comissão de Controladoria do Parlamento venezuelano - dominado pela oposição - disse que investigará os supostos subornos a funcionários do governo e intermediários para a obtenção de obras públicas entre 2006 e 2015, durante os governos de Hugo Chávez e Nicolás Maduro.

A Venezuela foi o segundo país (depois do Brasil) em valor de subornos pago pela Odebrecht, totalizando 98 milhões de dólares.

Panamá

O governo do Panamá prometeu processar e punir os funcionários que receberam mais de 59 milhões de dólares em subornos da Odebrecht, informou uma fonte oficial.

O Ministério Público declarou que pedirá informações aos Estados Unidos sobre o caso.

De acordo com o departamento americano de Justiça, a Odebrecht recebeu mais de 175 milhões de dólares com os contratos obtidos no Panamá por meio de subornos.

México

A Secretaria da Função Pública e a empresa estatal Petróleos Mexicanos informaram que investigam supostos subornos pagos a funcionários locais, que segundo a justiça americana chegariam a 10,5 milhões de dólares.

"Teve início a compilação de todas as informações disponíveis, com o objetivo de trabalhar de maneira conjunta na atenção a estas observações", afirma um comunicado governamental.

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