A revista britânica The Economist e a alemã Der Spiegel publicam capas críticas a Donald Trump (The Economist/Der Spiegel/Divulgação)
Gabriela Ruic
Publicado em 18 de agosto de 2017 às 16h35.
Última atualização em 18 de agosto de 2017 às 16h45.
São Paulo – Revistas de todo o mundo aproveitaram suas edições desta semana para ironizar e associar o presidente americano Donald Trump a movimentos racistas. As críticas vêm embaladas por um mar de polêmica no qual o republicano se encontra e que tem a ver com o tom suave da sua posição sobre os eventos que aconteceram na semana passada em Charlottesville, Virginia (Estados Unidos).
No último sábado, confrontos violentos entre supremacistas e opositores que deixaram ao menos 20 pessoas feridas e causaram uma morte, a de Heather Heyer, 32 anos, que protestava ao lado antirracista.
A consagrada The Economist apresentou Trump falando por meio de um capuz que faz parte das vestes típicas do grupo racista Ku Klux Klan (KKK), o mais antigo ainda em atividade no país e conhecido por seu ódio contra negros, judeus, católicos e comunidade LGBTQ.
Our cover this week pic.twitter.com/lYD3HLXvSC
— The Economist (@TheEconomist) August 17, 2017
A revista The New Yorker também usou do capuz dos membros do KKK, mas o transformou em uma espécie de vela de barco. Vela, essa, que conduz o presidente americano pelas águas da presidência.
An early look at next week's cover, "Blowhard," by David Plunkert: https://t.co/VuBXtwJCUQ pic.twitter.com/zsDHVOBBQO
— The New Yorker (@NewYorker) August 17, 2017
A Time, outra publicação tradicional, mostra em sua capa da edição desta semana um homem branco de cabelos escuros, realizando uma saudação nazista e envolvido na bandeira dos Estados Unidos. “Ódio na América”, diz a manchete.
TIME’s new cover: Behind the hate in America https://t.co/Rxq9hsPWC1 pic.twitter.com/ARE67Xbrnw
— TIME (@TIME) August 17, 2017
Trump também recebeu críticas na Europa, especificamente vindas da Alemanha, país que conheceu de perto a fúria nazista. O presidente não é mostrado diretamente, mas o terno escuro e a gravata vermelha, similares aos que Trump usou no dia da sua posse, não deixam dúvidas de que é ele que está embaixo do capuz branco dos partidários do KKK.
O caso em Charlottesville evidenciou a leniência de Trump com esses movimentos, cujos membros formam uma parte importante dos eleitores que o levaram à Casa Branca.
O presidente custou até a nomear os grupos racistas que participaram do episódio e insistiu em dividir a culpa pela violência com as pessoas que protestavam contra a marcha “Unir a Direita”. Mesmo depois disso, equiparou opositores aos membros da Ku Klux Klan em uma fala que recebeu críticas até de membros do seu gabinete.
Sua posição suave em relação aos fatos causou choque por todos os lados, entre políticos, aliados e empresários. Ao longo da semana, Trump viu seu apoio diminuir ainda mais quando executivos grandes empresas (3M, Intel, Under Armour e Merck&Co) deixaram um conselho consultivo montado pelo presidente para discutir políticas de emprego em protesto.
A Alemanha se manifestou especificamente sobre o tema por meio de Sigmar Gabriel, ministro das Relações Exteriores. “Estabelecer uma equivalência entre os dois grupos (de supremacistas brancos e militantes antirracismo) em vez de distanciar-se de nazistas é um enorme erro”, disse, “mostra até que ponto uma parte dos simpatizantes de Trump está ligada à extrema-direita”, continuou.