Dominique Strauss-Kahn: versão de que relação com a camareira foi consensual (Getty Images)
Da Redação
Publicado em 17 de maio de 2011 às 16h12.
Nova York - Os advogados de defesa do diretor-gerente do Fundo Monetário Internacional (FMI), Dominique Strauss-Kahn, acusado de abuso sexual e tentativa de estupro de uma camareira, alegam que podem ter havido relações sexuais consentidas entre os dois, segundo publicou nesta terça-feira o jornal "New York Post".
"As provas, a nosso ver, não apontam para um encontro realizado pela força", disse ao jornal um dos advogados do ainda principal responsável do FMI, Benjamin Brafman, conhecido por ter representado estrelas da música nos Estados Unidos, como Michael Jackson e o rapper Jay-Z.
Segundo uma fonte anônima próxima à defesa de Strauss-Kahn e citada pelo jornal nova-iorquino, "pode ter havido consentimento" da camareira, da qual a única coisa que se sabe é que se trata de uma imigrante africana de 32 anos.
A versão da defesa destoa significativamente da apresentada pela Promotoria de Manhattan, que afirma que o francês "fechou a porta do quarto de seu hotel para evitar que a vítima, uma empregada de limpeza do estabelecimento, pudesse escapar".
"Ele pegou sua vítima pelo peito sem seu consentimento e tentou tirar sua roupa íntima e, além disso, manuseou sua região vaginal", declarou a Promotoria, que acrescentou que Strauss-Kahn "tentou duas vezes introduzir seu pênis na boca da vítima à força".
A juíza do tribunal nova-iorquino responsável pelo caso, Melissa Jackson, negou na segunda-feira o pedido de liberdade mediante fiança de US$ 1 milhão solicitada pelo advogado de defesa, ao estimar que havia a possibilidade de fuga do país, visto que a França não tem tratado de extradição com os Estados Unidos.
"Não se trata de alguém que ia escapar da Justiça. Ele tem quatro filhos, e ser acusado de estupro é algo que quer resolver", declarou Brafman, um polêmico advogado conhecido nos EUA por utilizar todo tipo de técnicas na defesa de seus clientes, inclusive chorar diante do júri.
Em uma entrevista ao jornal "The New York Times" em 2004, Brafman afirmou: "Meus clientes podem ser famosos ou controversos, e outros advogados diriam 'Não vamos representar alguém como ele!'. Bom, isso é porque não saberiam como fazê-lo".
No mesmo ano, defendeu o cantor Michael Jackson, morto em 2009, das acusações de abuso sexual de menores.
Agora tentará evitar que Strauss-Kahn, possível candidato do Partido Socialista francês às eleições presidenciais de 2012, seja condenado a uma pena que pode chegar a até 25 anos de prisão.
Por enquanto, o responsável do FMI passou a noite em uma cela individual na prisão de Rikers Island em Nova York, um enorme complexo localizado em uma ilha no East River que já foi cenário de inúmeros filmes e séries de televisão como "Law & Order".
Strauss-Kahn permanecerá em prisão preventiva pelo menos até sexta-feira, quando está fixada a data de sua próxima audiência. Neste dia, um júri popular decidirá se o acusa formalmente dos crimes de abuso sexual e tentativa de estupro.
Assim, o ex-ministro de Economia francês trocou em poucos dias uma luxuosa suíte que custa mais de US$ 3 mil a diária por uma cela de pouco mais de 10 metros quadrados, isolada dos demais prisioneiros.
Lá recebe três refeições ao dia e pode utilizar sua própria roupa enquanto estiver dentro da cela. Para sair, precisa ser escoltado e terá que usar o macaco laranja típico da maioria dos presos dos EUA, revelou a imprensa americana.