Stranger Things: as trocas de e-mail envolvendo a série resultam em mais de uma centena de documentos oficiais (Reprodução/Netflix)
Da Redação
Publicado em 11 de outubro de 2016 às 17h41.
É bem provável que, em algum momento desse ano, um grupo de amigos seus tenha parado para falar sobre Stranger Things - a série da Netflix lotada de crianças carismáticas e referências dos anos 1980 - o que não se sabia é que essas conversas não aconteceram só nos bares ao redor do mundo.
Ela rolou dentro no do Governo dos Estados Unidos, mais especificamente, no Departamento de Energia dos gringos (DOE, na sigla em inglês); e não foi só um bate papo de corredor, somadas, as trocas de e-mail envolvendo a série resultam em mais de uma centena de documentos oficiais.
Há um motivo para que a produção tenha mexido com o governo americano: eles são os vilões da série. Durante os episódios, o DOE é responsável por fazer testes com uma menina, forjar mortes infantis, além libertar um monstro interdimensional que ora mata, ora sequestra crianças e adolescentes.
E a organização tentou surfar na onda da produção - com uma pitada de critica. Paul Lester, especialista de conteúdo digital do DOE, produziu um texto no blog oficial do Departamento explicitando as diferenças entre a vida real e a série de ficção.
A postagem conta com tópicos como "Cientistas dos laboratórios nacionais não são malvados - na verdade eles são bem legais (e espertos)!", e "O Departamento de Energia não mexe com monstros".
Agora descobriu-se que o assunto dentro do órgão não se limitou na postagem. O jornalista Lachlan Markay, do site americano The Washington Free Beacon, utilizou a lei de acesso à informação dos Estados Unidos para receber uma cópia de todos os e-mails oficiais do departamento que citavam Stranger Things. O resultado foram 162 páginas de conversas das mais variadas sobre a série.
I FOIA'd DOE's public affairs office for internal talk of Netflix's Stranger Things. This is...more than I expected pic.twitter.com/asSgPllk8J
— Lachlan Markay (@lachlan) 6 de outubro de 2016
Apesar de algumas trocas de mensagens serem puramente informais (como a de uma funcionária que, por terminar a série em uma semana, se declara a "rainha das maratonas"), outras levam o assunto a sério.
"É, na verdade, a gente faz armas. E experimentos com humanos: tem alguns fatos bem impressionantes na história da Comissão de Energia Atômica, que sim, fez experimentos com pessoas", escreveu o produtor de discursos John Larue da DOE, em uma troca de e-mails com Lester.
Em outra conversa, o vice-chefe de gabinete do secretário de Energia, Christopher Davis, afirma "Precisamos ter uma conversa sobre a sinistra (ainda que incrível) interpretação do DOE".
O próprio secretário de Energia, Ernest Moniz, apareceu em uma troca de e-mails - questionando a postagem do blog oficial. De acordo com Moniz, ao contrário do que o texto diz, o Departamento mexe sim com outras dimensões.
"Não é verdade que 'O departamento de energia não explora universos paralelos'. Nós apoiamos físicos teóricos/cosmologistas pelo Programa do Escritório de Ciências para Energias, e alguns, quase que certamente, estão produzindo diversas pesquisas sobre universos paralelos".
Mesmo depois que as conversas foram à público, o departamento não se calou. A conta do Twitter mandou uma mensagem para Markay logo que os documentos foram publicados: "não importa o que você escreve, isso não vai trazer a Barb de volta #JustiçaPelaBarb". Demogorgons à parte, nisso eles tem razão.