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Da Redação
Publicado em 10 de outubro de 2010 às 03h44.
O deputado Ciro Gomes (PSB/CE) afirmou nesta quarta-feira (24) que não abrirá mão da disputa pelo Palácio do Planalto neste ano mesmo na hipótese de o presidente Luiz Inácio Lula da Silva o convidar para ser vice na chapa da petista Dima Rousseff. "Sou candidato a presidente, não a vice", disse, em entrevista ao programa 3 a 1, da TV Brasil, que vai ao ar hoje às 23h.
Ciro afirmou também que o ex-ministro da Casa Civil José Dirceu continua atuando nos bastidores das próximas eleições e que, inclusive, tem ameaçado alguns governadores entre eles, seu irmão Cid Gomes, do Ceará caso não apóiem a candidatura de Dilma Rousseff. Ele ainda criticou a forma como o Partido dos Trabalhadores trata seus aliados. José Dirceu não quis comentar as afirmações de Ciro Gomes.
Durante quase uma hora de entrevista à TV Brasil, Ciro criticou tucanos e petistas e apresentou as mudanças que faria, caso fosse eleito, principalmente na condução da economia.
"Sou um aliado do PT. Agora, sou um aliado que exige respeito. O PT está acostumado a tratar seus aliados como se fossem seus empregados e a destratá-los, como faz com o PC do B", disse Ciro. Segundo ele, prova disso é a forma como o José Dirceu atua nos bastidores, quando encontra-se com governadores.
"Dirceu não está fora [do jogo político]. Ele foi visitar o governador do Ceará [Cid Gomes, irmão de Ciro] e disse com toda a delicadeza que se o irmão dele fosse candidato a presidente do Brasil, ia fazer o PT ir contra a ele [Cid] no Ceará. [Dirceu] Teve ainda o desplante de fazer a mesma coisa com o Eduardo Campos em Pernambuco", afirmou. "Não é assim que se trata um amigo, parceiro ou companheiro."
Ciro disse, ainda, que o PT teme que a pré-candidata Dilma Rousseff seja ultrapassada por ele, no decorrer da campanha. "Eu tento dizer aos companheiros do PT de que se o Lula, com a força legítima e a popularidade extraordinária e merecida que tem, não tiver segurança de que a Dilma ganha as eleições de mim, que estou trabalhando apenas com as unhas, é porque ela vai perder para o Serra. E aí será uma tragédia. O Brasil vai voltar aos anos do FHC."
A utilização da mídia, pelo PSDB, para atingir a candidatura de Dilma também foi enfaticamente citada pelo pré-candidato durante o programa. "Isso já começou. Vocês vão ver na grande mídia. Vai ser uma pancada por semana na Dilma. Vão pegar José Dirceu, [Fernando] Pimentel [coordenador de campanha da Dilma], depois vão pegar o fundo de pensão de Furnas...", disse pouco antes de ressaltar que não estava fazendo nenhum tipo de juízo sobre esses temas.
"É cruel. O brasileiro talvez não tenha idéia do que é enfrentar a máquina clandestina de difamação que o PSDB de São Paulo montou. Eu já passei por isso", ressaltou Ciro.
Ciro criticou também a polarização das eleições entre "os amigos do Lula e os amigos de FHC". Segundo ele, isso é prejudicial ao país porque acaba dando menos importância aos outros cargos que serão disputados.
"Quem manda [no país] não é o presidente. É o Congresso Nacional. Por isso pretendo dizer em minha campanha ao cidadão: 'se você quer votar em mim, então me dê deputados e senadores'.É assim que funciona, argumentou. E só eu posso dizer isso, porque o Serra está com uma banda de podridão e a Dilma está com a outra."
"Dilma tem um grande histórico, mas pode cometer um erro no processo político eleitoral porque nunca foi candidata a nada", afirmou. "Sou, por ter mais estrada, o mais preparado para o debate. Isso não diminui a Dilma, que é uma pessoa extraordinária e de muito valor. É uma grande administradora, gosta do Brasil, é decente. Se o país escolhê-la, pode saber que estará com uma grande presidente. Não tenha dúvida disso. Mas eu tenho mais experiência do que ela."
A Agência Brasil contatou a assessoria de José Dirceu, além da direção nacional do PT e do PSDB para comentar as declarações de Ciro Gomes. Nem José Dirceu nem o PT quiseram se manifestar sobre o assunto. Já a executiva nacional do PSDB declarou que "ao ser retirado de sua base eleitoral, o Ceará, Ciro Gomes foi jogado em um vácuo político. Não tendo o que fazer, depois que foi enganado e rejeitado pelo PT, o deputado, que já foi condenado quatro vezes pela Justiça por difamação, faz o que lhe resta: o uso da língua de aluguel".