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Da Redação
Publicado em 4 de abril de 2011 às 11h35.
Tóquio - A dupla catástrofe do terremoto e do tsunami fez a solidariedade disparar no Japão, onde a Cruz Vermelha já arrecadou alguns milhões de euros para os desabrigados, enquanto os voluntários e as ofertas de ajuda se contam aos milhares.
Com um balanço de pelo menos 12.175 mortos e 15.489 desaparecidos, segundo o último levantamento policial, a maior tragédia registrada no Japão desde a Segunda Guerra Mundial atingiu uma sociedade caracterizada por seu forte sentido de comunidade.
A internet se transformou em um dos veículos mais populares para as iniciativas de assistência aos cidadãos, com anúncios que oferecem desde alojamento gratuito até serviços médicos para os desabrigados pelo tsunami ou pela crise nuclear.
A Associação de Advogados do Japão abriu uma linha telefônica gratuita que durante este mês oferece assistência legal às vítimas, enquanto alguns advogados voluntários se deslocaram aos abrigos para receber pessoalmente as consultas de quem perdeu tudo.
Mais de três semanas depois da catástrofe, quase 160 mil japoneses ainda permanecem em dois mil refúgios de 17 províncias, alguns habilitados com telefones e conexão à internet graças a doações de empresas.
A companhia telefônica NTT, por exemplo, disponibilizou acesso à rede em 133 abrigos do nordeste, enquanto empresas como NEC, Toshiba e Fujitsu doaram mais de 1.600 computadores.
Milhares de voluntários se deslocaram às regiões afetadas. Na cidade de Kesennuma, na devastada província de Miyagi, as equipes de assistência realizam tarefas diversas que vão desde enfermeiras que cuidam dos idosos até a distribuição de comida e a ajuda em tramitações de papéis.
Há jovens que oferecem serviços de "barbearia" aos deslocados: lavar o cabelo com água quente em um depósito, o que é um luxo em Kesennuma, onde ainda não há eletricidade e a água corrente é escassa.
A solidariedade também se estende aos agricultores das províncias de Fukushima e Iwate, que tiveram a demanda por seus produtos reduzida pelo medo da contaminação radioativa.
No bairro de Yurakucho, em Tóquio, foi instalado um grande mercado no qual são comercializadas verduras destas duas províncias e onde, de quebra, se permite aos clientes comprovar com um contador Geiger (medidor de radioatividade) que os alimentos não estão contaminados.
A estas iniciativas se somam as doações maciças que a Cruz Vermelha do Japão e outras organizações humanitárias vêm recebendo desde a catástrofe.
O homem mais rico do Japão, Masayoshi Son, presidente do grupo de telefonia celular Softbank, doou 10 bilhões de ienes (aproximadamente R$ 192 milhões) de sua fortuna e anunciou que a partir deste este ano e até sua aposentadoria o salário que recebe como representante do grupo será destinado às crianças órfãs pelo tsunami.
Também fizeram doações astronômicas outros empresários japoneses, como Tadashi Yanai, dono da cadeia têxtil Uniqlo e segundo homem mais rico do país, que disponibilizou pelo menos 8 milhões de euros, enquanto sua companhia doou outros 3,5 milhões e roupas no valor de 6 milhões de euros.
As iniciativas se contam às dezenas também no mundo artístico e do esporte, com shows, jogos beneficentes e compromissos como o da estrela do golfe Ryo Ishikawa, que aos 19 anos decidiu doar toda a renda que obtiver em 2011 aos afetados pela tragédia.