Camboja: dois homens foram retirados dos destroços nesta segunda-feira (AFP/AFP)
AFP
Publicado em 24 de junho de 2019 às 15h37.
Última atualização em 24 de junho de 2019 às 16h01.
As equipes de resgate encontraram duas pessoas vivas entre os escombros do edifício em construção que desabou no sábado no Camboja, deixando ao menos 28 mortos, segundo o último balanço informado nesta segunda-feira.
Contra toda esperança, dois homens foram retirados de uma pilha de cimento e vigas metálicas. Eles receberam oxigênio e foram levados para o hospital, constatou a AFP no local. No memo momento, três novos cadáveres foram retirados dos escombros.
"Ouvi o som dos socorristas, pedi ajuda, mas não me escutaram", declarou um dos sobreviventes, Ros Sitha, de 24 anos. "Tinha um corpo do meu lado. Não tinha nada para beber", relatou à AFP.
Pouco antes, sua esposa, de 47 anos, havia dito que "não tinha esperanças" de encontrá-lo com vida. Os dois sobreviventes disseram que se sentiam fracos, mas não sofreram ferimentos graves.
O primeiro-ministro cambojano, Hun Sen, visitou o local da tragédia, Sihanoukville, uma localidade que recebe importantes investimentos chineses.
"Não esperamos encontrar mais sobreviventes", havia dito à AFP pouco antes do resgate um soldado que pediu anonimato e que coordena as operações nos escombros do imóvel de sete andares, de propriedade chinesa.
Parentes das vítimas afirmaram acreditar que mais de 10 pessoas estão soterradas nos escombros do edifício, que desabou na madrugada de sábado, no momento em que dezenas de operários dormiam.
No Camboja, um dos países mais pobres da Ásia, acidentes em construções são comuns. Mas, diante da magnitude dete último desastre, o governador da província, Yu Min, renunciou nesta segunda-feira.
Sihanoukville era uma tranquila comunidade de pescadores até a chegada de mochileiros ocidentais, que foram seguidos por ricos turistas russos.
Nos últimos anos, a cidade conhecida por seus cassinos recebeu muitos investimentos chineses, o que deflagrou uma explosão imobiliária.
Atualmente, há 50 cassinos de cidadãos chineses e dezenas de complexos hoteleiros em construção.
Entre 2016 e 2018, o governo chinês e empresas privadas investiram bilhões de dólares na província de Preah Sihanouk, segundo estatísticas oficiais.
Três cidadãos chineses e um gerente cambojano foram interrogados sobre o desabamento. O premier do Camboja atribuiu a tragédia à falta de cuidado da empresa construtora.
A embaixada da China no Camboja expressou condolências e defendeu uma "investigação exaustiva" sobre o papel dos três chineses e a causa do acidente.
A Organização Internacional do Trabalho calcula que o Camboja tem quase 200.000 trabalhadores no setor de construção, a maioria deles sem formação e que recebem salários diários, sem a proteção de acordos sindicais.