Segundo a versão do capitão, que também está entre os sobreviventes, o Dongfangzhixing (Estrela do Oriente) afundou em menos de um minuto (REUTERS/China Daily)
Da Redação
Publicado em 2 de junho de 2015 às 12h31.
Um navio com mais de 450 pessoas a bordo afundou no rio Yangtsé, no centro da China, e um dos poucos sobreviventes, Zhang Hui, 43 anos, relatou a noite de pesadelo.
O Dongfangzhixing ("Estrela do Oriente") transportava 458 pessoas, incluindo 406 passageiros chineses - uma grande maioria de pessoas idosas -, e cinco funcionários da Xiehe, uma agência de viagem de Xangai.
Entre eles, Zhang, que supervisionava um grupo de turistas neste cruzeiro que zarpou de Nankin (leste da China) com destino a Chongqing (centro).
Pouco depois, às 21h00 de segunda-feira à noite, o vento e a chuva se intensificaram sobre a embarcação, enquanto o clarão dos trovões enchiam a escuridão, contou, em um testemunho reproduzido pela agência oficial Xinhua.
"As gostas de chuva martelavam o casco direito do navio, a água começava a entrar em muitos quartos, mesmo com as janelas fechadas", relatou.
Às 21H20, muitos passageiros idosos precisaram deixar suas cabines inundadas, carregando consigo cobertores encharcados para o salão de recepção.
Poucos minutos depois, enquanto Zhang Hui retorna a seu beliche no segundo andar, o navio "inclina fortemente, em 45°". E imediatamente, começa a afundar.
De acordo com a agência estatal Xinhua, o testemunho de Zhang não mencionou nenhum aviso oficial ou ordem de evacuação por parte da tripulação aos passageiros.
Segundo a versão do capitão, que também está entre os sobreviventes, o Dongfangzhixing afundou em menos de um minuto.
"Foi impressionante", lembra Zhang. Ele e um colega tiveram apenas o tempo para vestir coletes salva-vidas e pular da janela mais próxima, mergulhando nas águas turbulentas do Yangtsé.
Zhang Hui diz ter distinguido "por todos os lados uma dúzia de pessoas na superfície, algumas pedindo ajuda e gritando". Depois de cinco minutos, apenas três ou quatro vozes continuavam a ser ouvidas.
Como a maioria dos chineses, o guia não sabe nadar. Envolto em um colete salva-vidas, ele se deixou flutuar e permaneceu à deriva a maior parte da noite.
"Afogava onda por onda, engoli uma tonelada de água". Navios passavam sem reparar nos sobreviventes, enquanto as rajadas o aterrorizavam.
"Disse a mim mesmo, preciso aguentar", revelou Zhang, que assegura ter alcançado a costa apenas nas primeiras horas de terça-feira, por volta das 6h00.
Zhang Hui faz parte do pequeno número de sobreviventes da catástrofe, enquanto que, nesta terça-feira à noite, quase 440 pessoas continuavam desaparecidas, neste que pode ser a pior catástrofe fluvial na China em décadas.