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Soberania do canal 'não é negociável', responde Panamá a Trump

Presidente eleito dos EUA tem feito declarações sinalizando interesse em controlar local administrado por país da América Central

AFP
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Agência de notícias

Publicado em 8 de janeiro de 2025 às 08h14.

Última atualização em 8 de janeiro de 2025 às 08h24.

O Panamá declarou nesta terça-feira, 7, que a soberania de seu canal interoceânico "não é negociável", horas depois de o presidente eleito dos Estados Unidos, Donald Trump, se negar a descartar ações militares para retomar o controle desta via estratégica.

"O presidente [do Panamá] José Raúl Mulino já disse: a soberania de nosso canal não é negociável e é parte de nossa história de luta e uma conquista irreversível", disse o chanceler panamenho Javier Martínez-Acha ao ler uma declaração.

O diplomata acrescentou que "as únicas mãos que controlam o canal são panamenhas e continuará sendo assim", ao desvirtuar afirmações de Trump de que há soldados chineses operando a via que liga os oceanos Pacífico e Atlântico e por onde passa 5% do comércio marítimo mundial.

O canal de 80 quilômetros, construído pelos Estados Unidos foi inaugurado em 1914. Para protegê-lo, Washington estabeleceu um enclave onde tremulava a bandeira americana e havia bases militares, polícia e justiça próprias.

Em 1977, o ex-presidente americano Jimmy Carter, que faleceu há poucos dias, e o líder nacionalista panamenho Omar Torrijos firmaram tratados mediante os quais os Estados Unidos entregariam a via interoceânica ao Panamá, o que aconteceu em 31 de dezembro de 1999.

Contudo, uma emenda a esses tratados permitiria aos Estados Unidos, segundo algumas interpretações, recuperar de forma unilateral o canal se Washington considerar que a via está sob ameaça.

Em uma entrevista coletiva na Flórida nesta terça, Trump se negou a descartar ações militares que permitam aos Estados Unidos retomar o controle do canal ou anexar a Groenlândia.

Diante da pergunta sobre se poderia garantir que não utilizaria as Forças Armadas para anexar o Canal do Panamá e a Groenlândia, um território autônomo da Dinamarca, Trump disse: "Não posso garantir isso, para nenhum dos dois."

"Posso dizer o seguinte: precisamos deles por razões de segurança econômica. Não vou me comprometer a isso [descartar uma ação militar]. Pode ocorrer que tenhamos que fazer algo", disse Trump.

"Nosso canal tem a missão de servir à humanidade e seu comércio. Esse é um dos grandes valores que nós panamenhos oferecemos ao mundo, dando uma garantia à comunidade internacional de não participar ou ser parte ativa em qualquer conflito", assinalou o chanceler panamenho Martínez-Acha após as declarações de Trump.

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