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Da Redação
Publicado em 10 de outubro de 2010 às 04h11.
São Paulo - O fluxo de Investimento Estrangeiro Direto (IED) no mundo caiu 34,4% em 2009, caindo para US$ 1,114 trilhão na comparação com o US$ 1,697 trilhão de 2008. Os dados fazem parte do World Investment Report (WIR 2010) da Unctad, que a Sociedade Brasileira de Estudos de Empresas Transnacionais e da Globalização Econômica (Sobeet) lançou hoje em São Paulo.
No Brasil, o recebimento de IED sofreu uma queda de 42,4%, passando de US$ 45,1 bilhões em 2008 para US$ 25,9 bilhões no ano passado. Para as economias desenvolvidas, o fluxo de IED no ano passado somou US$ 565,9 bilhões, o que representa uma queda de 41,2% na comparação com os US$ 962,3 bilhões recebidos em 2008.
"A retração de fluxos de IED não foi uniforme. Os fluxos de IED para as economias desenvolvidas recuaram 48%, com destaque para os fluxos para os Estados Unidos. Para as economias em desenvolvimento, o recuo, o primeiro em seis anos, foi de 21%", afirmou o presidente da Sobeet, Luís Afonso Lima.
Setores
Ainda de acordo com o relatório da Unctad, a redução de investimentos estrangeiros ocorreu em todos os setores, mas foi mais acentuada na manufatura que nos setores de serviços e primário. Essa tendência deverá perdurar nos próximos anos. "Poucos subsetores apresentaram aumento de seus fluxos de IED em 2009 ante 2008. Entre estes estão os de energia elétrica, gás, saneamento, construção civil e telecomunicações, relacionados à infraestrutura", afirma o presidente da Sobeet.
Do total de IED recebido no mundo no ano passado, 50,8% foram direcionados aos países desenvolvidos. A Europa ficou com 34% do montante, a América do Norte recebeu 13,3% e outros países desenvolvidos ficaram com 3,5%. Já as economias em desenvolvimento receberam 42,9% do US$ 1,114 trilhão do IED total, sendo que a África levou 5,3%, a América Latina, 10,5%, a Ásia e a Oceania, 27,2%, e as economias em transição, 5,6%.
"A crise acentuou a tendência de desconcentração de origem e destino do IED em prol de economias em desenvolvimento. Em termos de destino, economias em desenvolvimento já respondem por 49,2% dos fluxos de IED", diz o presidente da Sobeet. De acordo com ele, a tendência deste porcentual é de ultrapassar a marca de 50% pela primeira vez em 2010.
América Latina
As empresas transnacionais latinas estão sendo favorecidas pelo baixo endividamento, pela baixa sensibilidade a ciclos e pela maior resiliência à crise. Esta é uma das conclusões do relatório lançado hoje em São Paulo. Com isso, de acordo com o presidente da Sobeet, Luís Afonso Lima, destacam-se as saídas de IED de empresas latinas e a compra de filiais estrangeiras na America Latina por empresas locais. Isso tem sido verificado em setores como finanças, metalurgia, petróleo, mineração e serviços de energia elétrica.
O relatório mostra que, em termos de origem, as saídas de investimento das economias em desenvolvimento já respondem por 25% dos fluxos globais. O levantamento para este quesito avalia os movimentos de 1970 a 2009. Só na passagem de 2008 para 2009, o IED das economias em desenvolvimento aumentaram de 15,8% para 20,8% do total global. Isso indica que as economias em desenvolvimento estão investindo mais no resto do mundo.
Segundo o presidente da Sobeet, se for mantida a atual velocidade de desconcentração, esse porcentual será superior a 50% em seis anos. Ainda segundo ele, empresas transnacionais de países em desenvolvimento respondem por 10% das exportações e dos ativos das 5 mil maiores transnacionais do mundo, ante menos de 2% em 1995.
Ranking
Os Estados Unidos continuaram a liderar, no ano passado, o ranking dos 20 países do mundo (Top 20) que mais receberam investimentos estrangeiros, segundo o relatório. O país recebeu em 2009 um total de US$ 129,9 bilhões - um volume inferior, no entanto, ao de 2008, quando a soma foi de US$ 316,1 bilhões.
O Brasil, por sua vez, caiu da 10ª posição para a 14ª posição de 2008 para 2009, com o total de ingresso de investimentos diretos tendo caído de US$ 45,1 bilhões para US$ 25,9 bilhões. O segundo lugar ficou com a China, que subiu uma posição no ranking, apesar de o valor ter caído de US$ 108,3 bilhões em 2008 para US$ 95 bilhões no ano passado. A França, que em 2008 estava em segundo lugar, com um ingresso de IED de US$ 117,5 bilhões, caiu para o terceiro lugar, com US$ 59 bilhões no ano passado.