Equipe de resgate inspeciona trem que descarrilou em Santiago, na Espanha, matando dezenas de pessoas (REUTERS/Eloy Alonso)
Da Redação
Publicado em 28 de julho de 2013 às 09h57.
Santiago de Compostela - As equipes de resgate seguem seus trabalhos nesta quinta-feira em busca de possíveis novas vítimas do descarrilamento de um trem da Renfe em Santiago de Compostela, no noroeste da Espanha, no qual pelo menos 77 pessoas morreram e 130 ficaram feridas.
O trem com 247 passageiros, que percorria a linha de alta velocidade Madri-Ferrol, descarrilou em uma curva nas imediações da estação de Santiago de Compostela pouco antes das 21h locais (16h de Brasília) de ontem.
Embora as causas do acidente não tenham sido confirmadas pelas autoridades locais, fontes da investigação indicaram à Agência Efe que uma das primeiras hipóteses poderia ser o excesso de velocidade.
"Descarrilei, o que devo fazer, o que devo fazer". Estas foram as palavras de um dos maquinistas do trem acidentado nas imediações da capital galega em uma conversa telefônica logo após a tragédia, diálogo que foi confirmado por fontes da investigação e reproduzido pela imprensa local.
Ambos os motoristas do trem de alta velocidade saíram ilesos do acidente e, inclusive, participaram dos trabalhos de resgate.
O delegado do governo na Galícia, Samuel Juárez, indicou no lugar do acidente que não havia indícios em torno de "uma causa externa", embora não tenha descartado nenhuma hipótese.
Durante a madrugada, um contigente integrado por 200 homens - com Funcionários da Adif (empresa administradora de infraestruturas ferroviárias), companhias de serviços, Corpo de Bombeiros, Defesa Civil, Guarda Civil e policiais, entre outros serviços de emergência -, com auxílio de dois enormes guindastes, conseguiu erguer dois dos vagões mais afetados.
Os vagões, situados no fim do comboio, foram içados a uma estrada localizada a mais de cinco metros de altura em relação à via, onde um terceiro vagão também foi parar após o acidente.
Uma equipe de bombeiros entrou nos vagões e, após retirar os assentos e outros objetos, pode comprovar que não havia mais pessoas no interior. Um dos vagões em questão, completamente destroçado, ficou irreconhecível, como uma massa de ferros contorcidos.
Das 77 vítimas encontradas até o momento, 73 foram localizadas no lugar da tragédia, enquanto outras quatro morreram no hospital, informaram nesta madrugada fontes do Tribunal Superior de Justiça da Galícia (TSJG).
De acordo com as informações repassadas à Agência EFE, dois juízes, três secretários judiciais, dez legistas e um fiscal também estão trabalhando no complexo Sa"ar de Compostela, transformado em necrotério após o acidente.
As mesmas fontes indicaram que a identificação das vítimas se mostra muito complexo, já que algumas delas "estão desfiguradas".
Após as 8h locais (3h de Brasília), dois carros fúnebres começaram a transferir os corpos ao Hospital Universitário de Santiago para a realização de autópsias.
Este acidente, o primeiro registrado em uma linha da rede de alta velocidade na Espanha, é um dos mais graves na história do país. Além disso, o acidente de ontem no noroeste do país é o mais grave em número de vítimas de todos os acidentes de trem no ano, superando as 47 registradas no recente acidente de Lac-Megantic, no Canadá.
O trem acidentado é um Alvia, que circula pelas mesmas vias que os da rede de alta velocidade espanhola, embora sua velocidade seja inferior a dos "AVE".
Os hospitais da região reforçaram os serviços de urgência para atender os feridos, e o governo regional galego fez uma chamada em relação à doação de sangue.
De acordo com um comunicado da Rede Espanhola de Ferrovias (Renfe), o trem acidentado levava 247 passageiros, além da tripulação.
As autoridades de Santiago de Compostela, que hoje celebra o dia de seu santo padroeiro (Santiago), uma festividade que atrai todos os anos milhares de visitantes e peregrinos, suspenderam todas as celebrações das festas em sinal de luto.