O ex-consultor da CIA Edward Snowden: Snowden pode ter persuadido entre 20 e 25 colegas do centro regional de operações da NSA no Havaí a lhe dar os logins e senhas (AFP)
Da Redação
Publicado em 8 de novembro de 2013 às 08h20.
Washington - O ex-prestador de serviços da Agência de Segurança Nacional dos Estados Unidos (NSA, na sigla em inglês) Edward Snowden usou logins e senhas fornecidos involuntariamente por colegas em uma base de espionagem no Havaí para acessar parte do material secreto que vazou para a mídia, disseram fontes.
Vários funcionários da agência que passaram os detalhes de login para Snowden foram identificados, questionados e afastados de seus cargos, disse uma fonte próxima a várias investigações do governo norte-americano sobre os danos causados pelos vazamentos.
Snowden pode ter persuadido entre 20 e 25 colegas do centro regional de operações da NSA no Havaí a lhe dar os logins e senhas, dizendo-lhes que eram necessários para que ele fizesse seu trabalho de administrador do sistema de informática, disse uma segunda fonte.
A revelação é a mais recente a indicar que medidas de segurança inadequadas na NSA desempenharam um papel importante na maior violação de dados secretos nos 61 anos de história da agência de espionagem supersecreta.
No mês passado, a Reuters informou que a NSA não tinha instalado o software antivazamento mais atualizado no escritório do Havaí antes de Snowden trabalhar lá e fazer o download de documentos altamente secretos da agência e de sua equivalente britânica.
Não está claro quais regras os funcionários violaram ao dar as senhas para Snowden, que conseguiu acessar dados que ele não tinha autorização para ver.
Snowden trabalhou no local do Havaí por cerca de um mês no início deste ano, durante o qual teve acesso e baixou dezenas de milhares de documentos secretos da NSA.
Rastros apagados
"No mundo sigiloso, há uma aguda distinção entre os de dentro e os de fora. Se você foi autorizado e principalmente se vem sendo submetido a polígrafos, você está dentro e supostamente é confiável", disse Steven Aftergood, perito em sigilo da Federação de Cientistas Americanos.
"O que as agências estão tendo dificuldade em lidar é com a ameaça interna, a ideia de que o cara no cubículo ao lado não é confiável", acrescentou.
Funcionários da NSA e do Gabinete do Diretor da Inteligência Nacional não quiseram fazer comentários devido a uma investigação criminal relacionada a Snowden, que revelou os programas de vigilância anteriormente secretos do governo dos EUA enquanto estava em Hong Kong, em junho, e depois fugiu para a Rússia, onde recebeu asilo temporário.
Pessoas familiares aos esforços de avaliação dos danos à inteligência norte-americana provocados pelas revelações de Snowden disseram que as investigações seguem lentamente porque Snowden foi bem sucedido em obscurecer alguns rastros eletrônicos de como acessou os registros da NSA.
As fontes não sabiam se os funcionários da NSA que foram afastados de seus cargos receberam outras tarefas ou foram demitidos.
Embora o governo dos EUA acredite agora ter uma boa ideia de todos os dados aos quais Snowden teve acesso, os investigadores não sabem quais e quantos desses dados Snowden realmente baixou, disseram as fontes.
Snowden e alguns de seus interlocutores, como o ex-repórter do Guardian Glenn Grenwald, disseram que Snowden forneceu os segredos da NSA apenas para representantes da mídia como o próprio Greenwald, a documentarista Laura Poitras e um repórter do jornal britânico.
Eles negaram de forma enfática que ele tenha fornecido qualquer material secreto a países como China ou Rússia.