Edward Snowden: "Tudo o que sacrificamos valeu a pena, faria outra vez" (Pontus Lundahl/TT News Agency/Reuters)
Da Redação
Publicado em 1 de dezembro de 2014 às 15h06.
Copenhague - O ex-analista da Agência de Segurança Nacional dos Estados Unidos, Edward Snowden, defendeu nesta segunda-feira a construção de uma sociedade "aberta e liberal" ao receber o "Nobel Alternativo" em discurso feito por videoconferência desde seu exílio na Rússia.
"Tudo isto tem a ver com tornar nossa sociedade mais segura, as liberdades que herdamos. Podemos ter sociedades abertas e liberais", afirmou Snowden, recebido com uma grande ovação no parlamento sueco, onde foi realizada a cerimônia de entrega.
Snowden admitiu que é "improvável" que as mudanças que defende aconteçam em breve, e mostrou seu compromisso com essa luta.
Ele ainda disse não se arrepender de ter divulgado a trama de espionagem em massa das comunicações telefônicas e de internet a cargo dos Estados Unidos.
"Tudo o que sacrificamos valeu a pena, faria outra vez", afirmou.
O ex-analista americano foi nomeado ao prêmio por revelar a vigilância estatal que "viola processos democráticos básicos e direitos constitucionais", como explicou a comunicação divulgada há dois meses pela fundação Right Livelihood Award, sediada em Estocolmo.
O júri deu a Snowden um prêmio honorário, sem dotação econômica, e também a Alan Rusbridger, diretor do jornal britânico "Guardian", que revelou os documentos vazados pelo ex-analista.
A Comissão Asiática de Direitos Humanos e seu diretor, Basil Fernando; o americano Bill McKibben, comprometido na luta contra o aquecimento global, e a advogada paquistanesa Asma Jahangir também foram reconhecidos com este prêmio, que reconhece o trabalho social de pessoas e instituições de todo o mundo.
Estes três últimos agraciados dividirão 1,5 milhão de coroas suecas (cerca de R$ 516 mil) do prêmio este ano.
Snowden, que está em território russo desde 23 de junho de 2013, recebeu no final de julho a permissão de residência no país por três anos, e poderá viver na Rússia pelo menos até 1º de agosto de 2017.
O ex-analista, acusado nos Estados Unidos de espionagem, encontrou trabalho na Rússia no setor de tecnologia da informação, embora por motivos de segurança seu paradeiro seja secreto.