Mundo

Situação grave para liberdade de imprensa no Brasil, diz RSF

Ao longo do ano, foram assassinados cinco jornalistas no Brasil (o mesmo número que em 2012)


	Profissão de jornalista: Brasil liderou a lista do continente quanto à repressão policial, com mais de uma centena de agressões contra jornalistas
 (Marc Piasecki/Getty Images)

Profissão de jornalista: Brasil liderou a lista do continente quanto à repressão policial, com mais de uma centena de agressões contra jornalistas (Marc Piasecki/Getty Images)

DR

Da Redação

Publicado em 18 de dezembro de 2013 às 15h57.

Paris - A situação da liberdade de imprensa na América Latina em 2013 foi "estável" no quadro geral, porém "grave" no Brasil, no México e em Honduras, onde foi registrada a maior parte dos 12 assassinatos do ano na região, segundo o balanço anual da organização Repórteres Sem Fronteiras (RSF) publicado nesta quarta-feira.

"Embora os números sejam melhores que no ano passado, quando houve 15 assassinatos, não podemos criar expectativas. A situação não melhorou. O ano passado foi excepcionalmente violento, mas as coisas se agravaram em alguns aspectos", afirmou à Agencia Efe o responsável da América Latina da RSF, Benoît Hervieu.

Ao longo do ano, foram assassinados cinco jornalistas no Brasil (o mesmo número que em 2012), três em Honduras (um a mais), dois no México (quatro a menos), um na Colômbia e outro no Paraguai.

Hervieu chamou a atenção para a "difícil" situação vivida no Brasil, onde o elevado número de repórteres assassinados responde "à tensão ligada a acertos de contas políticas", sobretudo nos estados do Norte e do Nordeste, onde acontecem, além disso, atritos de caráter social.

O país viveu uma "explosão de agressões" contra profissionais ligados à cobertura dos protestos pelo aumento das passagens de transporte público e o superfaturamento das obras da Copa do Mundo de 2014.

O Brasil liderou a lista do continente quanto à repressão policial, com mais de uma centena de agressões contra jornalistas.

Honduras superou o México na lista de países com mais mortes da América Latina, em um ano eleitoral no qual aumentaram as tensões políticas, segundo Hervieu.

Hervieu garantiu que a queda no número de assassinatos no México, que passou de seis para dois, não deve ocultar a "gravíssima" situação que vive o país.


"Houve menos mortos porque há mais autocensura e censura. Além disso, aumentou o número de sequestros, e três jornalistas estão desaparecidos", disse.

O responsável da RSF ressaltou que o México está vivendo níveis muito elevados de autocensura. Isso ocorre após uma década de massacres em que morreram 88 jornalistas e 18 estão desaparecidos. Ele acrescentou que o retorno do Partido Revolucionário Institucional (PRI) ao poder representa "a volta de antigos métodos de pressão da imprensa".

A Colômbia manteve a melhora registrada nos últimos anos, mas Hervieu alertou que "se a segurança melhorou muito, sobretudo nas cidades, são mantidas as ameaças sobre a imprensa, que se traduzem no exílio de muitos jornalistas".

Na mira da RSF estão às organizações "narco-paramilitares", que representam a insegurança para os repórteres em algumas regiões do país, que se autocensuram ou optam pelo exílio.

Sobre Cuba, a RSF afirmou que "já não tem o monopólio da prisão de jornalistas no continente", mas explicou que, "embora a situação esteja longe de ser a da Primavera Negra (de 2003, quando foram presos 75 opositores), ainda continua muito controlada pelo regime".

A organização se referiu à detenção de um jornalista do jornal "Granma" e assegurou que dentro da sociedade civil e na imprensa oficial "foi aberto um debate, que é uma novidade".

Hervieu destacou que a guerrilha reduziu muito a pressão sobre os veículos de comunicação e lembrou que RSF tirou as Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (Farc) de sua lista de depredadores da liberdade de imprensa em 2011.

Conforme o relatório da RSF, 71 jornalistas foram assassinados no mundo, contra os 88 de 2012, uma "hecatombe" (era o sacrifício coletivo de muitas vítimas) para a imprensa. Contudo, os sequestros aumentaram em 129%, com a Síria como principal cenário dos atos. EFE

Acompanhe tudo sobre:América LatinaLiberdade de imprensa

Mais de Mundo

Trump nomeia Chris Wright, executivo de petróleo, como secretário do Departamento de Energia

Milei se reunirá com Xi Jinping durante cúpula do G20

Lula encontra Guterres e defende continuidade do G20 Social

Venezuela liberta 10 detidos durante protestos pós-eleições