Xi Jinping: "O Exército de Libertação Popular (ELP) é o Exército do Partido, o Exército do Povo, não o Exército privado de Xi Jinping" (REUTERS/Jason Lee)
Da Redação
Publicado em 29 de março de 2016 às 11h27.
Pequim - Uma carta assinada por "171 membros leais ao Partido Comunista da China" foi divulgada na internet para pedir a destituição do presidente da China, Xi Jinping, menos de um mês depois da circulação de uma primeira carta que pedia sua demissão e que suscitou uma onda de detenções no país asiático.
A carta aparece no blog "Mingjing News", localizado nos EUA e propriedade do grupo midiático editorial "Mirror", e foi postada por usuários do blog, que têm acesso direto à página, disse à Agência Efe o diretor do Mirror Group, Eis Ping.
O editor explicou que o grupo também recebeu a carta desde um correio desconhecido e garantiu em uma conversa telefônica que desconhece "quem a escreveu", por isso que não pode confirmar sua veracidade.
A carta, mais extensa que a primeira, é assinada por 171 membros de vários estamentos do Partido Comunista (PCCh), entre eles o militar, e denuncia que "a ditadura personalista de Xi Jinping" está "causando uma crise grave", por isso que pede que "todos seus cargos sejam retirados imediatamente".
O texto, ainda visível no blog de Mingjing, denuncia a concentração de poderes do presidente e faz uma pergunta: "Xi Jinping quer ser o Mao Tsé-tung dos próximos anos?"
A carta critica, além disso, que tenha "diminuído" o poder do primeiro-ministro, Li Keqiang, e ressalta vários problemas que o país enfrenta, entre outros as milhões de demissões que são previstas nos setores do aço e do carvão, a carestia da saúde para os aposentados e a atual reforma do Exército.
"O Exército de Libertação Popular (ELP) é o Exército do Partido, o Exército do Povo, não o Exército privado de Xi Jinping", enfatiza.
Em um tom mais sensacionalista, revela uma suposta infidelidade de Xi e conclui com um pedido mais sério: que os 80 milhões de membros do PCCh realizem um referendo no XIX Congresso do Partido (previsto para 2017) para votar em um novo secretário-geral.
Cai Chu, editor do site pró-democrático chinês "Canyu", com sede nos EUA, afirmou à Agência Efe que também recebeu a carta, e indica que também não pode confirmar sua autenticidade ou que tenha sido escrita pela mesma pessoa ou grupo que a anterior.
"Canyu" foi o primeira site que em 3 de março publicou uma carta assinada por "membros leais ao Partido Comunista" que pedia a renúncia de Xi, o que suscitou uma agressiva campanha de detenções na China.
Pelo menos 20 pessoas, entre elas parentes de exilados chineses que ainda residem no país, foram detidos, assim como trabalhadores do site "Wujie News", vinculado ao governo chinês e que também publicou a primeira carta.