Londres - Milhares de cidadãos sírios que fogem da guerra e da violência em seu país são impedidos de cruzar a fronteira com a Jordânia, denunciou nesta quinta-feira a Anistia Internacional (AI) em relatório.

A organização humanitária constatou as dificuldades que muitos sírios passam para conseguir refúgio em países vizinhos, como a Jordânia, e pediu o apoio das autoridades internacionais.

"É inaceitável que dezenas de pessoas da Síria, inclusive famílias com crianças pequenas, tenham sua entrada negada nos países vizinhos", disse em comunicado Philip Luther, diretor da AI para o Oriente Médio e Norte da África, que pediu a colaboração dos países limítrofes para que mantenham abertas suas fronteiras.

O relatório "Aumento de restrições, condições difíceis: A difícil situação dos que tentam fugir da Síria para a Jordânia" mostra várias pessoas que tiveram acesso negado nas fronteiras, como os refugiados palestinos e iraquianos residentes na Síria e pessoas sem documentos de identidade.

A pesquisa da AI também alerta sobre as deportações forçadas de muitos sírios que conseguem entrar na Jordânia, como a que aconteceu em agosto de 2012 com 200 refugiados sírios no campo de Za"atri.

A Anistia Internacional também denunciou as condições nas quais vivem os mais de 12 mil refugiados sírios que residem nesse campo, o mais povoado do país.

"A situação de mulheres e crianças no campo é muito complicada", disse Luther, que denunciou as dificuldades da população para ter acesso a necessidades básicas como água potável, além dos altos índices de criminalidade.

A ONG confirmou que algumas mulheres que vivem no campo de refugiados de Za"atri "são abordadas por homens jordanianos que buscam namoradas", o que representa um "alto risco de exploração".

Mais de 2 milhões de sírios deixaram seu país por causa da maior crise humanitária das últimas décadas e a maioria deles encontraram refúgio no Líbano, Jordânia, Turquia, Iraque e Egito.

A esses números se somam os mais de 4 milhões de sírios deslocados no interior do país, assegurou a Anistia Internacional.