Ban Ki-Moon: "Mas sejamos claros, o uso de armas químicas é só a ponta do iceberg", advertiu secretário-geral, que pediu fim do sofrimento da população civil na Síria (REUTERS/ Michael Kooren)
Da Redação
Publicado em 17 de setembro de 2013 às 19h40.
Nações Unidas - A Síria será o principal assunto da reunião dos líderes internacionais que será realizada a partir da próxima semana em Nova York para um novo período de sessões da Assembleia Geral da ONU, na qual outros temas como a mudança climática e o desenvolvimento sustentável também podem aparecer, mas em segundo plano.
O secretário-geral, Ban Ki-moon, anunciou nesta terça-feira que aproveitará a Assembleia Geral para fazer um "forte apelo" à comunidade internacional sobre a necessidade "urgente" de atuar "agora" na Síria, após a confirmação "inequívoca" do uso de armas químicas no país.
Ban, que adiantou que espera a presença de 131 chefes de Estado e de Governo e pelo menos 60 ministros de Relações Exteriores, disse que se reunirá "com o maior número de líderes possível" para abordar a situação na Síria, já que se trata da principal ameaça à paz e à segurança da comunidade internacional.
"Mas sejamos claros, o uso de armas químicas é só a ponta do iceberg", advertiu o secretário-geral, que pediu o fim do sofrimento da população civil na Síria, onde já morreram mais de 100 mil pessoas sem que a comunidade internacional tenha sido capaz se posicionar.
A reunião principal será no dia 28 de setembro quando Ban, acompanhado por seu mediador internacional, Lakhdar Brahimi, falará com o secretário de Estado americano, John Kerry, e com o ministro das Relações Exteriores da Rússia, Sergei Lavrov, para tentar estabelecer uma data para a realização de uma conferência sobre a Síria em Genebra.
Estados Unidos e Rússia tentam há meses, sem sucesso, convocar uma reunião internacional em Genebra para que o regime de Bashar al Assad e a oposição rebelde se sentem para negociar uma solução diplomática para a guerra civil que explodiu na Síria há mais de dois anos e meio.
"Já disse que não existe uma solução militar. Pode ser que seja parte do processo, mas, no final, só se resolverá através de um diálogo e por isso espero que sejamos capazes de fixar data para Genebra", disse Ban, que aproveitou para apresentar perante a Assembleia os resultados da investigação dos inspetores das Nações Unidas.
Ban reconheceu hoje que a situação na Síria "provavelmente dominará os debates e muitos dos discursos" dos líderes internacionais, mas pediu que outros temas importantes que afetam a comunidade internacional não fiquem em um segundo plano.
"A situação na Síria é a pior crise que experimentamos em muitos anos, mas ao mesmo tempo há outros assuntos urgentes que, espero, recebam a atenção merecida dos chefes de Estado, como uma agenda para o desenvolvimento sustentável, a luta contra a pobreza e a sustentabilidade", advertiu o secretário-geral.
Ban mencionou também outros conflitos como os de Afeganistão, Egito, Mali e República Centro-Africana, o mecanismo de supervisão do acordo de paz na República Democrática do Congo e a primeira reunião "em mais de um ano" do Quarteto para apoiar a retomada das negociações de paz entre palestinos e israelenses.
O 68º período de sessões da Assembleia Geral da ONU foi formalmente inaugurado nesta terça-feira sob a presidência do antiguano John William Ashe, embora nenhuma atividade tenha início até a próxima semana, quando as delegações internacionais começarão a chegar a Nova York para os debates.
Na próxima segunda-feira, dia 23, haverá uma reunião de alto nível que sobre incapacidade e desenvolvimento, quando também será apresentado o último relatório sobre os esforços da comunidade internacional para atingir os Objetivos de Desenvolvimento do Milênio (ODM).
Os discursos dos líderes começarão na terça-feira, dia 24. A presidente Dilma Rousseff e o presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, serão os dois primeiros, o que também pode gerar um debate sobre a espionagem global empreendida pelo governo americano e que provocou o hoje o adiamento da visita de Estado de Dilma aos EUA.
"As próximas duas semanas nos trarão muitas oportunidades para conseguir progressos comuns. Mas o êxito dependerá de que sejamos capazes de uma cooperação mais profunda do que nunca", disse Ban, que pediu à comunidade internacional "ações" para enfrentar as crises mais imediatas e atingir os objetivos de longo prazo.