Imagem da internet mostra dois homens algemados sendo espancados por militares sírios (AFP)
Da Redação
Publicado em 1 de agosto de 2011 às 11h25.
Bicosia, Chipre - A rede de cerca de 200 militantes do Observatório Sírio de Direitos Humanos (OSDH), liderado por Rami Abdel Rahman, informa minuto a minuto sobre a repressão realizada pelo regime do presidente Bashar al-Assad.
"Somos todos gente normal, temos uma vida normal, e família. Não temos escritório próprio, trabalhamos em casa ou de nossos empregos", declara Abdel Rahman, de 40 anos, por telefone.
O OSDH tornou-se uma das principais fontes de informação sobre o que está ocorrendo na Síria, desde o início da mobilização contra o regime, em meados de março.
Devido à proibição de acesso de jornalistas estrangeiros na Síria, militantes do Observatório, baseando-se em listas dos hospitais, divulgam informações sobre os mortos na repressão que costumam ser manchetes nos jornais de vários países.
Abdel Rahman, nascido em Banias, na costa mediterrânea, é o único membro do Observatório que vive fora da Síria. Para evitar que a organização seja desmantelada caso um deles seja preso, os militantes do OSDH não se conhecem entre si.
Eles se comunicam por meio da rede de telefonia por internet Skype, por redes sociais como Facebook e Twitter, e-mail e telefone, utilizando números ocultos.
Abdel Rahman costuma não levar a sério as declarações das potências ocidentais instando o presidente sírio a realizar mudanças políticas. "Não confio na comunidade internacional (...) Corresponde aos sírios agir por nós mesmos", explica.
Também nega qualquer vínculo com islamitas ou comunistas. "Sou independente. Não sou membro da Irmandade Muçulmana, nem do Partido Comunista", afirma Abdel Rahman, que afirma ser próximo de outros ativistas sírios pró-direitos humanos, como Michel Kilo.
"Não recebemos dinheiro de ninguém", declara, ressaltando que são os membros do Observatório os responsáveis por financiar seu site, escrito em árabe.
Prudente com as informações que transmite, o OSDH negou-se a confirmar informações relativas a possíveis deserções no exército ou o suposto apoio do Irã ao regime do presidente sírio, Bashar al-Assad.
Desde o início da revolta contra o regime, no dia 15 de março, a repressão deixou ao menos 2 mil mortos, entre eles mais de 1.600 civis, segundo dados de várias ONGs.
"A Síria nunca voltará a ser a mesma" que antes de 15 de março, estima Abdel Rahman.
"Conseguiremos ter uma democracia na Síria nos próximos seis meses", prevê. "Estamos passando por um momento ruim, é preciso ter paciência. É como uma guerra, mas não devemos ceder agora", estima.