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Da Redação
Publicado em 2 de junho de 2013 às 12h21.
Tegucigalpa - As ações do crime organizado, o narcotráfico, os governos autoritários e a impunidade são as maiores ameaças à liberdade de expressão na América Latina, advertiu o presidente da Sociedade Interamericana de Imprensa (SIP), Jaime Mantilla.
'Agora mais que nunca o narcotráfico e o crime organizado ameaçam a liberdade de expressão, assassinando e ameaçando jornalistas', disse Mantilla em entrevista à Agência Efe em Tegucigalpa, em Honduras.
O aumento da violência que nos últimos anos se registrou em alguns países latino-americanos devido à pressão dos cartéis de drogas, segundo o presidente da SIP, afetou o dia a dia de muitos dos jornalistas.
Mantilla liderou uma missão da SIP que na quarta-feira passada concluiu uma visita de três dias a Honduras, onde analisou a situação da liberdade de expressão no país, cujo presidente, Porfirio Lobo, protagonizou nos últimos meses enfrentamentos com alguns meios de comunicação.
Lobo inclusive está promovendo uma reforma no setor, o que é rejeitado por executivos da imprensa e jornalistas, que consideram que o líder tem como objetivo cercear a liberdade de expressão.
O presidente da SIP também expressou 'preocupação' pela impunidade que prevalece nos casos de crimes contra jornalistas na América Latina e pediu aos governos que solucionem este problema.
Pelo menos 74 comunicadores foram assassinados na América Latina entre 2010 e 2012, segundo números da rede Troca Internacional pela Liberdade de Expressão na América Latina e no Caribe.
O presidente da SIP disse que os 'poucos avanços' na investigação de crimes contra comunicadores geram maior impunidade e encorajam os criminosos a seguir praticando delitos.
'Os Estados são os responsáveis por garantirem a segurança e liberdade de expressão, mas muitos governos não cumprem com suas atribuições constitucionais', questionou.
O principal responsável da SIP também criticou os 'governos autoritários' que promovem leis que restringem a liberdade de imprensa: 'através de leis buscam mecanismos legais para restringir não só o direito a informar, mas o das sociedades de receber informação'.
Mantilla assegurou que apesar de todos os países da região, 'menos Cuba', terem governos escolhidos democraticamente, em nações como Venezuela, Bolívia, Equador, Argentina e Nicarágua os chefes de Estado têm ingerência direta na imprensa.
O titular da SIP também considerou que a sociedade civil latino-americana deve compreender que a liberdade de expressão é um 'direito universal' pelo qual não só os jornalistas devem lutar.