Os transportes e serviços públicos foram afetados, as escolas suspenderam as aulas, e muitas lojas e empresas fecharam (Pascal Rossignol/Reuters)
Da Redação
Publicado em 28 de junho de 2011 às 09h10.
Atenas - Milhares de manifestantes começaram a se reunir na terça-feira em frente ao Parlamento grego, no primeiro dos dois dias de greve geral contra as impopulares medidas exigidas por líderes internacionais em troca de mais ajuda financeira ao país.
O Parlamento vota nesta semana o pacote que prevê cortes de gastos públicos, elevação de impostos e venda de patrimônio governamental, e que pode ser a última chance do país para escapar de uma moratória - algo inédito na zona do euro, e que poderia causar um contágio regional e abalar profundamente a economia global.
Após semanas de protestos e greves intermitentes, a Adedy, sindicato que congrega 500 mil funcionários públicos, e o GSEE, ao qual são filiados 2 milhões de trabalhadores da iniciativa privada, estão ampliando sua pressão sobre os deputados antes das votações.
Os transportes e serviços públicos foram afetados, as escolas suspenderam as aulas, e muitas lojas e empresas fecharam. As ruas de Atenas ficaram virtualmente desertas.
"Esperamos uma participação dinâmica e em massa na greve e na marcha até o centro de Atenas. Teremos 48 horas de trabalhadores, desempregados e jovens nas ruas," disse Spyros Papaspyros, da Adedy, à Reuters.
Na noite de segunda-feira, o primeiro-ministro George Papandreou fez um apelo aos parlamentares para que aprovem o pacote nas duas votações de quarta e quinta-feira. Embora os socialistas (governo) tenham maioria, com 155 deputados num total de 300, alguns parlamentares alertaram que pretendem votar contra o pacote. Mas analistas dizem que há poucas chances de derrota do governo, que poderá contar com o apoio de pequenos grupos conservadores.
Enquanto isso, autoridades da zona do euro trabalham com bancos e seguradoras para criar um esquema em que os portadores de títulos da dívida pública poderiam partilhar o ônus de refinanciar a dívida grega, evitando assim que as agências de rating declarem uma moratória seletiva.
Discretamente, os dirigentes europeus exploram também planos de contingência para evitar o naufrágio grego, injetando dinheiro emergencial caso o Parlamento rejeite o pacote ou parte dele, disseram três fontes da zona do euro à Reuters na segunda-feira.
O plano de austeridade causa indignação junto a gregos desiludidos com anos de corrupção política e ineficácia, e agora profundamente ressentidos com as condições impostas pela União Europeia e pelo Fundo Monetário Internacional.
Até 12h de terça-feira (hora local), cerca de 20 mil pessoas já haviam se reunido sob o forte sol de verão em frente ao Parlamento, com cartazes que diziam "Porcos são os banqueiros, não o povo" --uma referência à sigla PIGS (que significa "porcos," em inglês, com as iniciais de Portugal, Irlanda, Grécia e Espanha), criada no ano passado para indicar países problemáticos da zona do euro.
O ambiente durante a manhã era tranquilo, mas cerca de 5.000 policiais devem ser mobilizados no centro de Atenas, especialmente para proteger o Parlamento, foco dos protestos das últimas semanas, quando manifestantes acamparam na praça