Protestos: o que está em questão é um projeto de lei concebido para reduzir a taxa de desemprego de 10% do país (Jean-Paul Pelissier / Reuters)
Da Redação
Publicado em 5 de julho de 2016 às 14h26.
Paris - O governo da França invocou poderes constitucionais especiais nesta terça-feira para impor uma legislação trabalhista que facilitará as contratações e demissões no país, suplantando os manifestantes que agendaram o último protesto do verão local e rebeldes do próprio partido governista.
A decisão do primeiro-ministro francês, Manuel Valls, anunciada pelo porta-voz do Partido Socialista, Olivier Faure, foi repudiada imediatamente por dissidentes da legenda, que alertaram que irão cogitar um voto de desconfiança no governo a menos de um ano das eleições gerais.
"Isso é triste, uma concessão era possível", disse Laurent Baumel, um dos 30 socialistas ou mais que dizem que a lei trai princípios da esquerda. "Valls parece ter recusado devido à sua intransigência costumeira".
O que está em questão é um projeto de lei concebido para reduzir a taxa de desemprego de 10 por cento do país dando às empresas mais liberdade para determinar suas próprias normas internas de pagamentos e condições de trabalho.
Como o projeto de lei voltou à Assembleia Nacional para uma segunda análise nesta terça-feira, os sindicatos trabalhistas também marcaram uma passeata de última hora, levando a polícia a enviar grandes contingentes às ruas de Paris e de outras cidades para se contrapor ao risco de violência visto em manifestações anteriores.
Milhares se reuniram para o que os sindicatos reconheceram que serão os últimos protestos de rua antes das férias de verão.
Os opositores da reforma trabalhista afirmam que o projeto de lei irá descartar regulamentos que há décadas vêm garantindo alguns dos padrões europeus mais altos de proteção para os trabalhadores franceses.
"Esta é uma lei contraproducente social e economicamente", disse Marie-Jose Kotlicki, membro da central sindical CGT, uma das várias organizações por trás das manifestações frequentes dos quatro meses transcorridos desde o anúncio da reforma.
"O governo está cometendo um erro ao subestimar o nível de descontentamento com esta lei", afirmou.