Presidente da Turquia, Tayyip Erdogan (Yasin Bulbul/Presidential Palace/Handout/Getty Images)
Reuters
Publicado em 16 de abril de 2017 às 13h16.
Última atualização em 16 de abril de 2017 às 17h41.
Ancara/Istambul - Os votos favoráveis a mudanças constitucionais para dar amplos novos poderes ao presidente turco, Tayyip Erdogan, lideravam com 52,8 por cento após cerca de 90 por cento das cédulas serem computadas, informou a agência estatal de notícias Anadolu.
Antes da votação deste domingo, pesquisas de opinião mostravam uma acirrada liderança para o "sim", que substitui a democracia parlamentarista da Turquia por uma presidência poderosa e pode colocar Erdogan no cargo até ao menos 2029.
O resultado irá moldar as tensas relações da Turquia com a União Europeia. O país membro da Otan conteve o fluxo de imigrantes - principalmente de refugiados das guerras na Síria e Iraque - para o bloco, mas Erdogan disse que pode revisar o acordo após a votação.
Uma multidão gritava "Recep Tayyip Erdogan" e aplaudia à medida que o presidente apertava mãos e cumprimentava pessoas após votar em uma escola próxima a sua casa em Istambul. Sua equipe entregou brinquedos para crianças na multidão.
"Se Deus quiser, acredito que nosso povo irá decidir em abrir o caminho para um desenvolvimento muito mais rápido", disse Erdogan na mesa de voto após votar.
"Acredito no senso comum democrático do meu povo."
Cerca de 55 milhões de pessoas eram elegíveis para votar em 167.140 mesas de votação. Eleitores turcos no exterior já votaram.
O referendo dividiu amargamente a nação. Erdogan e seus apoiadores dizem que as mudanças são necessárias para melhorar a atual constituição, escrita por generais após um golpe militar de 1980, confrontar os desafios de segurança e políticos que a Turquia enfrenta e evitar os frágeis governos de coalizão do passado.
Oponentes dizem ser um passo para maior autoritarismo em um país onde cerca de 47 mil pessoas foram presas pendendo julgamento e 120 mil demitidas ou suspensas de seus trabalhos em uma repressão após um golpe frustrado em julho, gerando críticas de aliados ocidentais da Turquia e grupos de direitos humanos.
Relações entre a Turquia e Europa atingiram uma nova baixa durante a campanha do referendo, quando países da UE, incluindo Alemanha e Holanda, barraram ministros turcos de realizarem comícios em apoio às mudanças. Erdogan chamou os impedimentos de "atos nazistas" e disse que a Turquia irá reconsiderar laços com a União Europeia após muitos anos de busca por participação na UE.