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Silêncio israelense sobre a Síria é estratégico

Israelenses veem reticência como uma forma de permitir que os inimigos salvem sua honra, reduzindo assim o risco de represálias e escaladas

Placas indicando a direção e a distância de diferentes cidades no monte Bental, nas Colinas de Golã (Baz Ratner/Reuters)

Placas indicando a direção e a distância de diferentes cidades no monte Bental, nas Colinas de Golã (Baz Ratner/Reuters)

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Da Redação

Publicado em 1 de fevereiro de 2013 às 09h27.

Jerusalém - Em lugar nenhum os segredos militares são divulgados imediatamente. Mas em Israel o silêncio que recobre fatos como o misterioso bombardeio aéreo de quarta-feira contra a Síria reflete uma estratégia mais profunda, relacionada à dissuasão e a uma concessão.

Além da costumeira preocupação em preservar espiões e táticas para um governo atualmente envolvido em um confronto mais grave com o Irã, os israelenses veem essa reticência como uma forma de permitir que os inimigos salvem sua honra, reduzindo assim o risco de represálias e escaladas.

Manter-se em silêncio, evitando assim as acusações de que o país se gaba provocativamente das suas investidas, também facilita a discreta cooperação de Israel com alguns vizinhos muçulmanos -como Turquia e Jordânia-, que do contrário se sentiriam na obrigação de se distanciarem do Estado judeu.

Os líderes israelenses veem ainda um benefício doméstico por não alardear seus sucessos, já que isso poderia dar ao público interno -e aos aliados ocidentais- uma fé exagerada na sua capacidade militar.

E, diante das queixas mundiais de que um ataque não-provocado contra uma potência soberana viola o direito internacional, admitir o fato poderia servir só para gerar complicações diplomáticas.


Foi assim em 2007, quando o então primeiro-ministro Ehud Omert impôs o silêncio a sua equipe após um bombardeio a um suposto reator nuclear sírio -uma política de "sem comentários" que continua em vigor, embora até os EUA tenham discutido aquela ação militar israelense e o seu alvo.

Olmert "quis evitar qualquer coisa que pudesse encurralar a Síria e forçar Assad a retaliar", disse em sua autobiografia o então presidente norte-americano, George W. Bush.

Um ex-assessor de Olmert confirmou esse relato, dizendo à Reuters que o premiê também temia pelas estreitas relações militares do seu país com a Turquia, país que teve seu espaço aéreo atravessado por aviões israelenses a caminho da Síria.

Israel estava então, como agora, diante da ameaça de uma guerra contra o arqui-inimigo Irã. Ollmert, cético quanto à possibilidade de enfrentar um adversário mais distante e muito maior, não quis causar falsas impressões na opinião pública a partir de uma investida muito mais limitada, contra um vizinho imediato.

"Sabíamos que a mensagem do que havia ocorrido seria recebida pelas lideranças síria e iraniana, e isso era suficiente para nós", disse um ex-assessor, sob anonimato.

Então, se no final da madrugada de quarta-feira Israel atacou um comboio sírio que levava armas para a guerrilha libanesa Hezbollah, como dizem fontes diplomáticas, ou um centro de pesquisas militares próximo a Damasco, como afirmou o governo sírio, uma lógica semelhante pode levar o governo do premiê Benjamin Netanyahu a se manter em silêncio.

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