Primeiro-ministro do Japão, Shinzo Abe, durante coletiva de imprensa em Tóquio (Toru Hanai/Reuters)
Da Redação
Publicado em 18 de novembro de 2014 às 13h29.
Tóquio - O primeiro-ministro do Japão, Shinzo Abe, anunciou nesta terça-feira a convocação de eleições antecipadas para dois anos antes do previsto, após a dissolução na semana passada da Câmara Baixa do parlamento.
Em uma coletiva de imprensa, Abe explicou que a antecipação se deve a sua decisão de adiar uma subida do imposto IVA prevista para outubro de 2015, alta que tinha sido aprovada em 2012 pelo congresso.
"O sistema fiscal é muito importante para os cidadãos, tem muito impacto na vida das pessoas, por isso quero submeter a medida a uma ratificação, da mesma forma que todo meu programa econômico", disse Abe ao justificar a convocação das eleições.
Ontem as autoridades locais anunciaram que o país entrou em recessão técnica pois o Produto Interno Bruto (PIB) do Japão caiu 1,6% no terceiro trimestre do ano.
Abe explicou que uma "alta do IVA significaria provavelmente uma ameaça para o objetivo de se sair da deflação", por isso o aumento previsto de 8% para 10% do imposto sobre o consumo será adiado até abril de 2017.
O político conservador ressaltou o efeito negativo sobre o país da alta do IVA em abril, a primeira realizada no Japão em 17 anos.
"Durante os últimos meses mais de 40 especialistas me deram sua opinião sobre o impacto que poderia ter uma nova alta. Escutei e com o objetivo de que as Abenomics (como são conhecidas suas ambiciosas políticas econômicas) tenham sucesso, atrasei sua aplicação em 18 meses", assinalou.
O parlamento japonês aprovou em 2012 a alta do imposto em duas fases. Após o de abril, o aumento seguinte estava fixado para outubro de 2015.
Abe lembrou que em 2012 o Partido Liberal Democrático (PLD), liderado por ele, estava na oposição mas votou a favor da medida "perante a necessidade de se reformar o sistema de previdência e manter uma disciplina fiscal que gere confiança no exterior".
Nesse sentido, o primeiro-ministro assegurou que sua postura "não mudou" e que embora tenha atrasado a alta do IVA em 18 meses pelas atuais condições econômicas, "isto não significa que ela não vai ser aplicada".
Abe, que governa em coalizão com o partido budista Novo Komeito, comprometeu-se a renunciar se não conseguir a metade das cadeiras nas eleições que provavelmente vão ocorrer no mês que vem.
Após a votação de dezembro de 2012, o partido de Abe conseguiu 294 das 480 cadeiras que formam a Câmara dos Representantes do parlamento japonês.