Redação Exame
Publicado em 1 de outubro de 2024 às 07h54.
Última atualização em 1 de outubro de 2024 às 09h39.
Claudia Sheibaum foi a primeira mulher eleita presidente no México durante as eleições que aconteceram em 2 de junho e assume o cargo nesta terça-feira, 1°. Aos 62 anos, a ex-prefeita da cidade do México e nova chefe de Estado do país terá seis anos pela frente para demonstrar que não será uma presidente tutelada por seu antecessor, Andrés Manuel López Obrador, e sim uma nova liderança política com impulso e capacidade para promover iniciativas em áreas ignoradas pelo governo que termina, entre elas o combate às mudanças climáticas, direitos das mulheres, ciência e tecnologia, defesa dos direitos humanos e as relações do México com o resto do mundo.
Até agora, Sheinbaum, que integra o mesmo partido que López Obrador, o Morena (Movimento de Regeneração Nacional), evitou confrontos com um líder político de presença dominante, e que deixa pouco espaço para debates que contrariem suas vontades. Um dos poucos momentos em que a nova presidente se opôs a posicionamentos de López Obrador foi durante a pandemia da Covid-19. Naquela época, o então presidente mexicano foi um dos chefes de Estado que minimizou a pandemia.
Como prefeita da capital, Sheinbaum, uma engenheira com pós graduação no exterior em engenharia ambiental e que iniciou sua carreira política há mais de 20 anos, defendeu o uso de máscaras. Em junho de 2020, os mexicanos ficaram impactados ao ver a então prefeita do Distrito Federal usando máscara em uma coletiva de imprensa.
Sheibaum terá um gabinete paritário, como também o teve seu antecessor, mas num país no qual as mulheres ainda têm muito a fazer em matéria de seus direitos. López Obrador nunca teve uma agenda em matéria de igualdade de gênero, e, muito menos, feminismo. Tampouco a teve a nova presidente quando foi prefeita da capital. A terá agora como chefe de Estado? Outra das dúvidas que existe no país.
A nova chefe do Executivo receberá um país cuja economia está crescendo abaixo do esperado, com risco inclusive de entrar em recessão em 2025. Os desafios são grandes, e a nova presidente não poderá abrir mão do apoio do Morena. Sua liderança é muito diferente a de López Obrador, Sheibaum tem um perfil técnico, e seu calcanhar de Aquiles, enfatiza a pesquisadora do Colégio do México, “é a falta de carisma político e controle partidário”.
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que está no México para a posse de Sheibaum, pediu nesta segunda-feira, para que a próxima mandatária do México assine a aliança contra a fome na Cúpula de Líderes do G20, que será realizada nos dias 18 e 19 de novembro, no Rio de Janeiro.
"Nada explica por que um país como o México passa fome ou um país como o Brasil passa fome", criticou Lula durante o Fórum Empresarial México-Brasil, organizado na Cidade do México pelo Conselho Empresarial Brasil-México (Cebramx) e pelo Conselho Empresarial Mexicano de Comércio Exterior, Investimento e Tecnologia (Comce).
A próxima reunião do G20 deverá abordar a luta contra a fome, a pobreza e a desigualdade, as três dimensões do desenvolvimento sustentável (econômica, social e ambiental) e a reforma da governança global.
Em 17 de setembro, Sheinbaum mencionou que, assim como o atual presidente, Andrés Manuel López Obrador, ela se concentrará em questões do interior do país e, portanto, não planeja "viajar muito".
"Estamos avaliando o G20, que é a primeira atividade internacional, que é no Brasil, também com um governo amigo, com Lula, que virá para a cerimônia de posse, mas não vamos viajar ou fazer disso uma questão central", disse Sheinbaum em entrevista coletiva.
López Obrador nunca compareceu durante sua gestão ao G20, que é formado por Argentina, Austrália, Brasil, Canadá, China, França, Alemanha, Índia, Indonésia, Itália, Japão, México, Rússia, Arábia Saudita, África do Sul, Coreia do Sul, Coreia do Sul, Turquia, Reino Unido, Estados Unidos, União Europeia e União Africana.
A posição de Sheinbaum é semelhante à de López Obrador, que viajou apenas sete vezes para o exterior em seus seis anos de mandato, cinco delas para os Estados Unidos, uma para a América Central e uma para a América do Sul, com o argumento de que "a melhor política externa é a interna".
Com informações de Agência O Globo