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Seul suspenderá operação do complexo industrial intercoreano

Esta é a primeira vez que o governo de Seul suspende as operações em Kaesong desde a abertura em 2004 do complexo, símbolo da reconciliação entre os países


	Kaesong: o complexo abriga 124 empresas sul-coreanas e proporciona emprego a quase 53.000 norte-coreanos
 (Kim Hong-Ji / Reuters)

Kaesong: o complexo abriga 124 empresas sul-coreanas e proporciona emprego a quase 53.000 norte-coreanos (Kim Hong-Ji / Reuters)

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Da Redação

Publicado em 10 de fevereiro de 2016 às 09h50.

A Coreia do Sul anunciou nesta quarta-feira que vai suspender as operações no complexo industrial intercoreano de Kaesong, em resposta ao teste nuclear e ao lançamento de um foguete da Coreia do Norte.

O complexo de Kaesong foi criado em 2004 como símbolo da reconciliação entre fronteiras na península coreana.

Esta é a primeira vez que as atividades deste complexo, financiado pela Coreia do Sul, são suspensas pelo governo de Seul.

Em 2013, a Coreia do Norte fechou o local durante cinco meses, em outro momento de tensão na península, após outro teste nuclear executado por Pyongyang.

"Decidimos interromper todas as operações no complexo de Kaesong para que (...) o Norte não utilize nossos investimentos para financiar seu desenvolvimento nuclear e balístico", afirmou o ministro da Unificação, Hong Yong-Pyo.

O complexo, que fica do lado norte-coreano a 10 km da fronteira, permitiu que o isolado e empobrecido Estado do Norte arrecadasse divisas estrangeiras.

Kaesong abriga 124 empresas sul-coreanas e proporciona emprego a quase 53.000 norte-coreanos.

O governo e as empresas sul-coreanas investiram no projeto ao longo dos anos 837 milhões de dólares, de acordo com Hong. O ministro afirmou que o dinheiro foi utilizado por Pyongyang para executar seus testes nucleares, unanimemente condenados pela comunidade internacional.

"Todo nosso apoio e nossos esforços têm sido utilizados pelo Norte para desenvolver seus foguetes nucleares e seus programas de mísseis", afirmou.

Os empresários sul-coreanos que trabalhavam no local - eram 184 nesta quarta-feira - receberam a ordem de retornar, indicou Hong. O ministro explicou que Seul notificou Pyongyang sobre a decisão.

"Pedimos a todos que compreendam nossa decisão, que era inevitável levando em consideração a gravidade da situação na península coreana", explicou Hong.

Kaesong foi resultado da "diplomacia do raio de sol", conduzida pela Coreia do Sul de 1998 a 2008 para estimular os contatos entre os países rivais.

Novo desafio norte-coreano

Mas a Coreia do Norte executou no domingo passado o lançamento de um foguete que, segundo a televisão oficial norte-coreana, transportava um satélite de observação da Terra.

O lançamento, que viola múltiplas resoluções da ONU, representa um novo desafio para a comunidade internacional, que já tem dificuldades em punir Pyongyang após seu quarto teste nuclear, realizado em 6 de fevereiro.

O Japão anunciou nesta quarta-feira novas sanções contra a Coreia do Norte após o lançamento do foguete, incluindo a proibição de acesso aos portos japoneses das embarcações norte-coreanas e, inclusive, de navios de "terceiros países" que passaram pela Coreia do Norte.

O lançamento do foguete foi apresentado por Pyongyang como uma missão espacial, mas a comunidade internacional o condenou como um teste camuflado de míssil balístico, que teria como objetivo obter um arsenal nuclear capaz de atingir o território americano.

Como resposta, o governo dos Estados Unidos anunciou a intenção de instalar na Coreia do Sul "o mais rápido possível" do sistema antimísseis THAAD (Terminal High Altitude Area Defense), medida que tem a veemente oposição da China.

A Rússia também expressou preocupação e advertiu contra uma possível "corrida armamentista" na península coreana, após o anúncio do desejo de Washington de instalar o sistema THAAD.

"A instalação de elementos do sistema global de defesa antimísseis americano na região pode provocar uma corrida armamentista no nordeste da Ásia e complicar ainda mais a solução do problema nuclear na península coreana", afirma o ministério russo das Relações Exteriores em um comunicado.

Texto atualizado às 10h50.

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