Ato em homenagem a Daniel Prude na quinta-feira, 3: imagens de abordagem policial levaram a novos protestos (Michael M. Santiago/Getty Images)
Carolina Riveira
Publicado em 4 de setembro de 2020 às 12h18.
Última atualização em 4 de setembro de 2020 às 12h19.
Sete policiais de Rochester, no estado de Nova York, foram suspensos de suas funções por participarem do sufocamento de Daniel Prude em uma abordagem policial em março.
Prude, de 41 anos, sofria de problemas de saúde mental, e as imagens mostram que não estava em condições normais quando foi abordado pela polícia. Na ocasião, Prude estava nu na rua, embora fosse inverno nos EUA.
Os policiais afirmam que Prude estava cuspindo neles -- o que era perigoso devido ao coronavírus -- e, por isso, colocaram em sua cabeça um capuz. O uso do capuz virou procedimento padrão durante a pandemia para impedir contágios.
As imagens mostram os policiais segurando a cabeça de Prude contra o chão, o que pode ter causado a asfixia que levaria à sua morte.
Embora tenha acontecido em março, o caso só agora se tornou público depois que a família divulgou os vídeos que conseguiram obter por meio de requisição à polícia. As imagens da abordagem estão disponíveis por causa das câmeras acopladas ao uniforme dos policiais.
A morte de Prude é mais um episódio dentre os casos de violência policial contra a população negra nos Estados Unidos -- e que também se repetem no Brasil. Neste ano, os casos de violência contra homens negros levaram a protestos em massa nos últimos meses.
Em maio, George Floyd, de 43 anos, morreu após ser sufocado por um policial, que colocou um joelho em seu pescoço. O caso aconteceu em Minneapolis, no estado do Minnesota. Mais recentemente, em 23 de agosto, Jacob Blake, de 29 anos, foi alvejado por policiais e levou sete tiros em frente a seus filhos, que esperavam no carro em Kenosha, no Wisconsin. Blake sobreviveu, mas perdeu o movimento das pernas.
A morte de Prude também levou centenas de manifestantes às ruas em Rochester, uma cidade de cerca de pouco mais de 200.000 habitantes ao norte do estado de Nova York.
Os protestos nos EUA, que foram massivos em maio e junho após a morte de Floyd, voltaram a aumentar com o caso Blake. Até a NBA, liga de basquete americana, teve jogos adiados depois que os jogadores do Milwaukee Bucks, time do Wisconsin, decidiram não jogar.
Com a proximidade das eleições em 3 de novembro, essa segunda leva de atos têm sido marcada por clima maior de embate entre manifestantes e opositores aos atos antirracistas.
Em Kenosha, um extremista adolescente Kyle Rittenhouse, de 17 anos, atirou em manifestantes na terceira noite de protestos em Kenosha e matou duas pessoas. Em Portland, outro foco dos protestos, Aaron J. Danielson, de 39 anos, foi morto em agosto em meio aos protestos. O homem era parte de um grupo de manifestantes brancos que entrou em embate nas ruas com os manifestantes antirracistas. A polícia matou nesta quinta-feira, 3, o suspeito de ter matado o homem, Michael Forest Reinoehl, de 48 anos.
Portland é um dos centros dos protestos nos últimos três meses, e continuou com atos semanais mesmo quando as manifestações diminuíram no restante dos EUA. A cidade vêm sendo tema constante de críticas do presidente americano, Donald Trump.
Na semana passada, Trump trocou farpas com o prefeito democrata de Portland, Ted Wheeler, a quem chamou de “idiota” e culpou pela violência, ameaçando chamar novamente a Guarda Nacional à cidade — nos últimos meses, a Guarda Nacional foi deslocada para Portland, mas moradores questionaram eventuais abusos das forças policiais federais.
Wheeler disse a Trump em pronunciamento que “por quatro anos tivemos que viver com você e com seus ataques racistas à população negra”.