Sérvios protestam em frente à presidência em Belgrado contra a absolvição de Ramush Haradinaj: eles exigem que as autoridades renunciem ao projeto de adesão à UE (Andrej Isakovic/AFP)
Da Redação
Publicado em 30 de novembro de 2012 às 12h47.
Belgrado - Ultranacionalistas sérvios queimaram nesta sexta-feira bandeiras da União Europeia (UE), dos Estados Unidos, da Otan e de Kosovo durante uma manifestação contra a absolvição pelo Tribunal Penal Internacional para a ex-Iugoslávia (TPII) do ex-guerrilheiro do Kosovo, Ramush Haradinaj, por crimes cometidos contra sérvios.
Centenas de manifestantes se reuniram em frente à sede da Presidência sérvia, em Belgrado, convocados pelo Partido Radical (SRS, ultranacionalista), exigindo que as autoridades renunciem ao projeto de adesão à UE, indicou um jornalista da AFP.
Belgrado é candidato a integrar a UE e espera uma data para iniciar as negociações de adesão.
A absolvição de Haradinaj de crimes cometidos contra os sérvios durante a guerra de independência do Kosovo (1998-1999) causou indignação na Sérvia e foi recebida como uma agressão após a absolvição, duas semanas atrás, de dois generais croatas acusados de crimes de guerra contra os sérvios durante a guerra na Croácia.
A indignação é maior porque nenhum líder político ou militar kosovar albanês, bósnio ou croata foi condenado por crimes contra sérvios pelo TPII, criado pela ONU para julgar as atrocidades cometidas durante as guerras que se seguiram ao desmantelamento da ex-Iugoslávia em 1990.
"Este tribunal foi criado para julgar o povo sérvio", indignou-se na quinta-feira o presidente sérvio, Tomislav Nikolic. Seu ministro da Justiça, Nikola Selakovic, declarou que, através dessas absolvições, "o TPII cuspiu no rosto das vítimas sérvias".