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Serra Leoa mantém população confinada por causa do ebola

Os seis milhões de habitantes de Serra Leoa estavam confinados hoje, durante campanha contra a epidemia de ebola

Cartaz alerta para os perigos do ebola, em hospital público da capital de Serra Leoa (Carl de Souza/AFP)

Cartaz alerta para os perigos do ebola, em hospital público da capital de Serra Leoa (Carl de Souza/AFP)

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Da Redação

Publicado em 19 de setembro de 2014 às 11h05.

Freetown - Os seis milhões de habitantes de Serra Leoa estavam nesta sexta-feira confinados, durante uma campanha de três dias contra a epidemia de ebola, uma medida drástica das autoridades para lutar contra o vírus.

As ruas de Freetown, a capital, estavam desertas, e eram percorridas apenas por veículos de trabalho e de urgências, constatou o correspondente da AFP.

"Todos parecem respeitar as recomendações", comemorou em uma declaração à AFP o chefe da polícia, Francis Munu.

"O momento é excepcional e os momentos excepcionais exigem medidas excepcionais", declarou o presidente do país, Ernest Koroma, em uma mensagem televisionada por ocasião do lançamento da campanha.

"Esta campanha de três dias não vai colocar fim sozinha à propagação do ebola, mas se todos seguirem as recomendações das equipes de sensibilização, vai ajudar muito a inverter a tendência de crescimento da transmissão do vírus", acrescentou.

A epidemia de ebola na África ocidental, a mais grave da história desta febre hemorrágica identificada em 1976, matou até 14 de setembro ao menos 2.640 pessoas das 5.357 infectadas, segundo o último balanço da Organização Mundial de Saúde (OMS).

Na Libéria, o país mais afetado com 1.459 mortos e 2.720 casos, a voluntária francesa da Médicos Sem Fronteiras (MSF) infectada com o vírus chegou na noite de quinta-feira à França.

Na Guiné, sete autoridades locais e jornalistas que realizavam uma campanha de informação no sul do país, a região mais afetada, foram encontrados mortos depois de terem sido alvo da ira da população de Womé, em sua maioria foragida por medo da epidemia.

Frequentemente, a população se volta contra as equipes médicas e os funcionários que tentam explicar o que deve ser feito para se proteger do vírus.

Nesta sexta-feira, a recepção era mais favorável, constatou o correspondente da AFP, que seguiu várias equipes.

"Nós estávamos confusos porque existiam muitas mensagens contraditórias no bairro sobre esta campanha, mas agora vemos que é algo bom", declarou Sammy Jones, um morador de Regent, no oeste de Freetown, depois de pedir para sua esposa e seus três filhos saírem para ouvir o chefe da equipe.

Unicef elogia operação

A Unicef, que participa do financiamento, elogiou a operação. "Nós divulgamos mensagens de prevenção na rádio, na televisão e na imprensa, mas isso não é suficiente", considerou o representante em Serra Leoa do Fundo das Nações Unidas para a Infância, Roeland Monasch, citado em um comunicado.

"Se os habitantes não têm acesso à informação correta, devemos levar estas mensagens de prevenção a onde eles vivem, a sua porta", insistiu.

No entanto, os especialistas em saúde pública duvidam da eficácia de medidas tão coercitivas, e destacam o risco de prejudicar esta luta minando uma confiança já frágil entre a população e os profissionais de saúde.

Em Serra Leoa, as autoridades mobilizaram no âmbito da campanha 30.000 pessoas (7.136 equipes de quatro pessoas) para visitar 1,5 milhão de lares.

As equipes distribuirão em cada casa sabonete e panfletos informativos sobre o ebola e instalarão em cada bairro comitês de vigilância. Mas não entrarão nas casas e alertarão os serviços especializados se descobrirem doentes ou mortos, disse o governo.

As autoridades, que temem que o vírus possa se propagar e afetar até 20% da população, previram leitos adicionais em todo o país, em particular na capital Freetown.

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