Serra Leoa: em partes do centro e o leste da capital, vários cidadãos decidiram ignorar o toque de recolher e saíram à rua para comprar alguns produtos (Francisco Leong/AFP)
Da Redação
Publicado em 30 de março de 2015 às 09h11.
Monróvia - Serra Leoa pôs fim ontem ao toque de recolher de três dias que o governo impôs na sexta-feira para prevenir a propagação do vírus do ebola no país, que continua a ser uma ameaça.
O presidente de Serra Leoa, Ernest Bai Koroma, ordenou aos seis milhões de habitantes do país que permanecessem em suas casas praticamente sem prévio aviso, o que gerou vários protestos entre a população.
Ao longo do fim de semana, as equipes de saúde visitaram casa por casa em busca de pacientes ocultos e qualquer pessoa vista nas ruas sem autorização podia ser detida.
Em entrevista por telefone à Agência Efe, John Kweshi, um pescador de 55 anos que vive nos subúrbios de Freetown, criticou o governo por iniciar a medida sem dar tempo à população para se organizar e poder passar os três dias fechados com comida e água suficiente para todo o fim de semana.
Em partes do centro e o leste da capital, vários cidadãos decidiram ignorar o toque de recolher e saíram à rua para comprar alguns produtos.
"Todos os lares esgotaram sua despensa na metade do segundo dia e a partir desse momento tiveram que sobreviver como puderam", declarou à Efe Annie Conteh, comerciante e mãe de sete filhos. "Não é fácil estar fechado durante dias".
O fim do toque de recolher provocou várias comemorações entre a população, cujos protestos evitaram que o governo estendesse a quarentena, como vários ministros pediram.
Segundo o último relatório publicado ontem pela Organização Mundial da Saúde (OMS), Serra Leoa registrou até o momento 11.751 casos de ebola, o que a transformou no país com mais infecções do vírus.