Separatistas pró-Moscou em frente a sede da polícia regional em Luhansk, no leste da Ucrânia (Vasily Fedosenko/Reuters)
Da Redação
Publicado em 29 de abril de 2014 às 18h33.
Luhansk - Centenas de separatistas pró-Moscou invadiram prédios do governo em uma das capitais regionais da Ucrânia nesta terça-feira e abriram fogo contra a polícia em uma grande escalada de sua revolta contra o governo central, apesar das novas sanções ocidentais sobre Rússia.
Os preços das ações da Rússia subiram em decorrência da brandura das sanções anunciadas recentemente pelos Estados Unidos e a União Europeia que implicaram, sobretudo, a inclusão de um pequeno número de nomes às listas negras existentes e, ao mesmo tempo, e novas ameaças de tomar medidas mais sérias.
No entanto, o presidente russo, Vladimir Putin, respondeu ameaçando reconsiderar a participação ocidental em acordos energéticos na Rússia, o maior produtor de petróleo do mundo, onde a maioria das grandes companhias de petróleo dos EUA e da Europa têm projetos extensos.
Os manifestantes abriram à força o caminho para a sede do governo regional em Luhansk, uma província no leste da Ucrânia que faz fronteira com a Rússia, e içaram bandeiras separatistas no topo do prédio, enquanto a polícia nada fazia para interferir.
Ao cair da noite, cerca de 20 homens armados abriram fogo com armas automáticas e jogaram granadas de efeito moral na sede da polícia da região, tentando forçar os agentes que estavam dentro a entregarem suas armas, disse um fotógrafo da Reuters que estava no local.
"A liderança regional não controla sua força policial", disse Stanislav Rechynsky, um assessor do ministro do Interior, Arsen Avakov, referindo-se aos eventos em Luhansk. "A polícia local nada fez." Os rebeldes também se apossaram do gabinete do promotor e das instalações da televisão local.
A operação separatista em Luhansk parece dar aos rebeldes pró-Moscou o controle de uma segunda capital provincial. Eles já dominam grande parte da província vizinha de Donetsk, onde proclamaram a independente "República Popular de Donetsk" e anunciaram um referendo sobre a secessão para 11 de maio.
Os rebeldes incluem jovens locais armados com bastões e correntes, bem como os chamados "homens verdes" - mascarados armados que usam uniformes militares sem insígnia.
Adicionar o controle de Luhansk daria a eles o domínio sobre toda a região carbonífera do Donets - uma faixa contínua de território adjacente à Rússia -, onde as fundições gigantes de aço e as usinas pesadas respondem por cerca de um terço da produção industrial da Ucrânia.
É o coração de uma área que Putin descreveu no início deste mês como a "Nova Rússia", revivendo um termo da época em que a região foi conquistada pelos czares nos séculos 18 e 19. A maioria das pessoas que vivem na área agora se identifica como ucranianos, mas têm o russo como primeira língua.
A Ucrânia, um país de 45 milhões de pessoas e com território do tamanho da França, tem uma história de mil anos como Estado, mas passou grande parte dos últimos séculos sob a sombra de seu vizinho maior, a Rússia.
O país emergiu como uma nação moderna independente depois que a União Soviética se desfez em 1991, com fronteiras definidas por comissários bolcheviques do território anteriormente governado pela Rússia, Polônia e Áustria.
A crise atual começou depois que um presidente pró-Rússia foi deposto em fevereiro em um levante popular. Poucos dias depois, Putin declarou o direito de usar a força militar para defender a população de etnia russa e despachou as suas tropas à paisana para se apossar da região ucraniana da Crimeia.
Os EUA e a UE acusam Moscou de comandar a revolta no leste do país com a intenção de desmembrar a Ucrânia.
"Hoje, a Rússia procura mudar a área de segurança da Europa Central e Oriental", disse o secretário de Estado norte-americano, John Kerry, em um discurso em Washington, referindo-se à ocupação da Crimeia pelos russos.
"Qualquer caminho que a Rússia escolher, os Estados Unidos e nossos aliados vão estar juntos em nossa defesa da Ucrânia", disse Kerry.
No entanto, as autoridades norte-americanas e europeias deixaram claro repetidamente que não vão levar em consideração a possibilidade de uma ação militar.