Manifestante pró-Pequim: as eleições do Conselho Legislativo permitirão medir o peso eleitoral deste movimento (Philippe Lopez/AFP)
Da Redação
Publicado em 2 de setembro de 2016 às 14h54.
Uma nova geração de ativistas políticos que defendem uma ruptura radical com Pequim tentará neste domingo atrair os eleitores de Hong Kong, no encontro eleitoral mais importante na ex-colônia britânica desde as grandes mobilizações pró-democracia de 2014.
Embora as manifestações tenham conseguido bloquear durante dois meses bairros inteiros da antiga colônia britânica, o "Movimento dos Guarda-Chuvas" não conseguiu obter nenhuma concessão da China em matéria de reformas políticas.
Desde então, a atmosfera em Hong Kong é tensa pela crescente sensação de que Pequim está endurecendo o controle sobre a cidade semiautônoma, em temas políticos, culturais e, inclusive, educativos.
Para as novas gerações, a única saída é a independência total.
Neste contexto, as eleições do Conselho Legislativo (LegCo, parlamento local) permitirão medir o peso eleitoral deste movimento.
Apesar de muitos em Hong Kong estarem convencidos de que independência é um sonho, o movimento elaborou linha políticas tradicionais e polariza o debate.
Quando as autoridades da cidade decidiram proibir a candidatura de cinco defensores da ruptura com Pequim, o argumento de que militar pela independência é ilegal, as contradições se agravaram.
No início de agosto, milhares de pessoas participaram na primeira manifestação pública pela independência. Segundo algumas pesquisas, 17% apoiam a separação com a China.
O LegCo conta com 70 membros designados por um sistema complexo que garante assim com segurança uma maioria favorável a Pequim. Apenas 35 de seus membros são eleitos por voto direto.
Baggio Leung, 30 anos, é um dos três candidatos do Youngspiration, novo partido que defende a autoderminação, termo que preferem usar a independência. Segundo as pesquisas, tem possibilidade de entrar no LegCo.
"Pequim pisa em nossos valores e temos que encontrar uma saída", declarou à AFP.
Muitos não acreditam no lema "um país, dois sistemas", que foi a base da devolução em 1997 e que devia garantir, ao menos durante 50 anos, um alto grau de autonomia à antiga colônia britânica, assim como o respeito às liberdades.
Para alguns, cresce a sensação de que Pequim se imiscui cada vez mais nos temas internos da ilha.
Nathan Law, de 23 anos, uma das figuras do "Movimento dos Guarda-Chuvas", se apresenta nas eleições como candidato da nova formação Demosisto, que defende a autodeterminação.
No entanto, um avanço, por menor que seja, dos separatistas pode beneficiar Pequm, à medida que fará perder peso a oposição tradicional, que ocupa 27 das 70 cadeiras.
Esta perda de força política reforçaria Pequim no curto prazo, minando a força da oposição moderada, mas a longo prazo legitimaria o discurso dos separatistas.