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Da Redação
Publicado em 19 de junho de 2015 às 12h01.
Brasília - Os senadores que tentaram na quinta-feira visitar os opositores venezuelanos presos e que foram cercados por partidários do governo de Caracas que protestavam por sua presença na Venezuela, reivindicaram nesta sexta-feira que o Executivo do Brasil denuncie a "falta de liberdade" no país perante o Mercosul e a Unasul.
A maioria dos membros da missão pertencem ao Partido da Social Democracia Brasileira (PSDB) e de outros partidos de oposição ao governo, embora também tenha feito parte da comitiva o senador Ricardo Ferraço, do Partido do Movimento Democrático (PMDB), do vice-presidente Michel Temer.
"Vamos exigir uma posição dura do governo brasileiro e, se não houver, do ponto de vista político e parlamentar vamos impulsionar a resposta necessária em defesa da democracia", disse aos jornalistas o senador e ex-candidato presidencial Aécio Neves, ao chegar em Brasília procedente de Caracas.
O opositor liderou a missão parlamentar que viajou na quinta-feira à capital venezuelana, mas não pôde ir muito além do aeroporto de Maiquetía, situado cerca de 30 quilômetros de Caracas.
Os senadores asseguram que os carros que os levariam foi bloqueado por simpatizantes do governo do presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, que rodearam o veículo e chegaram a atingir os vidros de modos ameaçadores, conforme mostraram os vídeos publicados na internet.
"Fomos recebidos pela intolerância de um regime que não admite posições contrárias", disse Aécio em Brasília, apontando que "se havia alguma dúvida de que há uma escalada autoritária nesse país, essa dúvida já não existe".
O senador Aloysio Nunes, que também fez parte da missão que viajou para Caracas e preside a Comissão de Relações Exteriores da câmara Alta, disse que exigirá ao governo brasileiro que a "agressão" sofrida pelos parlamentares seja denunciada ao Mercosul e à União de Nações Sul-americanas (Unasul).
Os incidentes ocorridos nos arredores do aeroporto de Maiquetía motivaram uma forte reação do governo brasileiro, que, em uma nota oficial divulgada ontem à noite, considerou "inaceitáveis os atos hostis contra parlamentares brasileiros".
No comunicado, o governo de Dilma assegura que a missão parlamentar tinha apoio oficial, já que viajou à Venezuela em um avião da Força Aérea Brasileira e foi assistida de forma permanente pela Embaixada do país em Caracas.
A nota acrescenta que, "pelas tradicionais relações de amizade entre os dois países, o governo brasileiro solicitará ao governo venezuelano, pelos canais diplomáticos, um esclarecimento sobre o ocorrido".